domingo, 30 de junho de 2013

Pérolas 049

…puro glamour…esta é a inesquecível e incomparável cover (em versão curta) do clássico jazzístico “Makin’ Whoopee” na voz (surpreendente) de Michelle Pfeiffer, tema também interpretado por Frank Sinatra, Dinah Washington, Ella Fitzgerald ou Doris Day…


Unofficial music video de "Makin’ Whoopee"  
Cena do filme "The Fabulous Baker Boys" (1989), de Steven Kloves, com Michelle Pfeiffer e Jeff Bridges

Another bride, another June
Another sunny honeymoon
Another season, another reason
For makin' whoopee
A lot of shoes, a lot of rice
The groom is nervous he answers twice
It’s really killin’ that he's so willin'
To makin’ whoopee
Picture a little love nest
Down where the roses cling
Picture the same sweet love nest
Think what a year can bring
He's washing dishes and baby clothes
He's so ambitious, he even sows
But don't forget folks, that’s what you get folks
For makin’ whoopee…
In "Makin’ Whoopee"  Michelle Pfeiffer


sábado, 29 de junho de 2013

…46…



Aqui estou eu

Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos
Vão me mostrando o caminho

Às vezes aqui faz frio

Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
As vezes aqui faz frio

Sei que me esperas

Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas p'ra fazer
Tenho vidas para acompanhar

Às vezes lá faz mais frio

Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
(…lá fora faz tanto frio…)

Bem-vindos a minha casa

Ao meu lar mais profundo
De onde saio por vezes
Para conquistar o mundo

Às vezes tu tens mais frio

Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
No teu peito vazio

In “Perfeito Vazio” – Xutos & Pontapés 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pérolas 048




(...insónia dividida com o Luffy...)

Acordo ou deixo dormir
O meu monstro da noite
Era bom poder, sorrir...
Em escassas horas de sono
Assim sento e recolho
Ao frio da insónia
Que vi, em mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não...
Dessa mente que não quer sossego!
Dessa mente que não quer sossego!
Murmúrios ou medos
Há quem durma sem jeitos
Em cima de uma cama
A rir, de mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanhã eu devo ir trabalhar!
Mais do mesmo se encontra...
Nestas horas de ponta
O corpo pede a alma pra dormir,
Em mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanhã eu devo ir trabalhar!
Num sonho por sonho
Num monopólio de oiro
O vício da insónia
Não consegui...
In “Insónia” – Filipe Pinto




domingo, 9 de junho de 2013

Poesia para os olhos 006

…lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que vi esse quadro, pintado a óleo, ao vivo na minha frente…fiquei longos minutos, ali, parado, com aquela imagem entrando hipnoticamente pelos olhos dentro…forte, sombria, impressionantemente dura… a mesa vazia, sem alimentos…com as ferramentas de trabalho ali pousadas, esquecidas, paradas por falta de uso…o punho cerrado de raiva e dor…a mão desesperada na sacada da janela que mostra o mundo exterior…a mulher alimentando a criança no colo, com um semblante e um corpo onde se notam as marcas da fome e da pobreza…

…foi em Janeiro de 2009 e nunca pensei que, quatro anos depois, tal imagem viesse a tornar-se tão real no quotidiano do meu país…
“Sin pan y sin trabajo” (1894), de Ernesto de la Carcoca (1866-1927) – acervo do Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires


JP ®

A identidade secreta do povo português - por Ricardo Araújo Pereira

(...acho que somos assim...um bocadinho que seja...)

A identidade secreta do povo português

Em 2002, Durão Barroso disse que Portugal estava de tanga. Entretanto, passaram 11 anos e é difícil negar que fomos perdendo cada vez mais roupa. Eu não sou crítico de moda, mas creio que estamos perante uma impossibilidade. Não é possível passar uma década a confiscar a indumentária a um povo que já está de tanga. Minto: é possível apenas em duas situações muito específicas e altamente improváveis. Se o povo em causa tiver a tanga vestida por cima do resto da roupa, pode dizer-se que está de tanga no primeiro momento, e fica apto a continuar a perder peças de vestuário antes de se achar completamente nu. Esta hipótese, a verificar-se, confirma a minha suspeita antiga de que o povo português é o Super-Homem. Tinha a tanga por cima da roupa em 2002 e foi ficando sem a capa e o fatinho de licra azul ao longo dos últimos anos. E aguentou tudo com força sobre-humana, que é a única maneira de um povo aguentar isto.
Outra hipótese: em 2002 o povo estava, de facto, de tanga, mas tinha várias tangas vestidas, umas por cima das outras. E foi perdendo tangas, ano após ano, até estar na situação em que se encontra agora - em que, se não está nu, estará, no máximo, monotanga. Nesse caso, o povo português não é o Super-Homem. É uma espécie de Tarzan multicueca. Um Tarzan que, tendo viagem marcada na Ryanair e, por não querer pagar uma quantia extra pela bagagem, levasse todas as suas tangas vestidas, por exemplo.

Seja qual for a hipótese correcta, é seguro afirmar a excepcionalidade do povo português, dadas as características admiráveis, quer do homem de aço, quer do rei dos macacos. Não ignoro que haja bons argumentos para refutar estas hipóteses. Pode dizer-se, por exemplo, que a posição em que estamos, no que à soberania diz respeito, torna muito improvável que o povo português seja, na verdade, o rei de alguma coisa, dado que temos cada vez mais dificuldade em fazer súbditos, mesmo entre os símios. Também é difícil identificar o povo português com o Super-Homem, sobretudo tendo em conta a extraordinária habilidade deste para combater o crime e a nossa absoluta incapacidade de meter bandidos na cadeia. Mas eu continuo inclinado para achar que o povo português tem uma identidade secreta oriunda do universo da ficção, na medida em que me parece, ele próprio, uma personagem fictícia: nenhum povo de carne e osso teria a capacidade de, empobrecido e desesperado como está o nosso, manter a nobreza de alma que é evidenciada quando os protestos se fazem a cantar e a rir.


Publicado por Ricardo Araújo Pereira , em 30 de Maio de 2013 in revista “Visão”

Ler mais: http://visao.sapo.pt/ricardo-araujo-pereira=s23462#ixzz2VTkGeABs