terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Poesia para os olhos 021

 …“Portugal, the wild side”…
…três minutos de suprema beleza, perpétua magia e emoção sem palavras…(por Daniel Pinheiro)



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Pérolas 069

“Tonto” – Xutos & Pontapés (versão acústica c/ Kalu na voz)

Eu senti-me um pouco tonto
Sem saber o que fazer
Talvez fosse a tua imagem
Talvez fosse por querer
Ao certo abriste-me a porta
Mas eu não queria entrar
Só queria uma miragem
Só queria naufragar, só queria naufragar
Faz tanto tempo
Tanto tempo  (e eu não esqueci)
E tu chegaste tão perto
Que te apertei no meu peito
Já não era uma miragem
Era a sério eras tu, era a sério eras tu
Faz tanto tempo
Tanto tempo  (e eu não esqueci)
In “Tonto” – Xutos & Pontapés 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

…a rosa a quem dei espinhos…

JP ®

…Já passaram alguns anos…
…A chuva miudinha, soprada a vento de rajadas desiguais, espalhava-se ao meu lado, esculpindo agulhas líquidas na vidraça da cafetaria…
…Ela acabou de conversar circunstancialmente com uma colega, despediu-se com um tchau rápido e voltou o rosto de novo na minha direcção, sentada do outro lado da mesa, almoço terminado, café quente nas chávenas à nossa frente…
- …E então conta-me, o que tens feito…?
…Dei um gole leve no espresso e encolhi os ombros…
- …Nada de especial – acendi um cigarro – E tu, como vais, novidades…?
Esticou a mão para agarrar no meu Zippo.
-…Para além de continuares a fumar, infelizmente… - comentei meio a sério, meio a brincar.
…Sorriu e soprou a primeira baforada do cigarro recém aceso e deu-me um olhar tipo “não te preocupes com isso”...      
…Retomamos a conversa, colocando-a em dia (família, emprego, pequenas trivialidades), naquele encontro combinado meio casualmente, tanto tempo depois de nos termos cruzado uma ou outra episódica vez…
- …E a tua filhota ? Deve ‘tar enorme, não…?
…Os olhos dela brilharam mais ainda que o habitual e a voz intensificou a sua alegria quando falou da menina…
…Relembrou-me o nome da petiz (…ainda que eu me lembrasse bem dele…), enquanto me mostrou orgulhosamente no telemóvel duas ou três fotos duma miudinha, com uns olhos vivos, ar radiante, sorriso franco…
- Pareces tu em ponto pequeno… mais pequeno ainda, quero dizer… - gracejei.
…Do alto do seu metro e sessenta, soltou uma gargalhada com gosto que é uma das suas imagens mais marcantes que sempre retive na memória…
…Uns longos segundos de silêncio pairaram…ela segurando o aparelho entre os dedos duma mão, eu apoiando-o para melhor ver as imagens…os olhos de ambos focados nelas…
- Muito bonita, a tua nina… - constatei.    
…E ela disparou-me um tiro no coração…
-…Podia ser a tua filha, sabes…? – disse num sussurro rouco.
…Inspirei fundo, como quem recupera depois de ter levado um delicado soco no estômago. Evitei inconscientemente cruzar de imediato o meu olhar com o dela, esfreguei lentamente os olhos e a face, de cotovelos apoiados no tampo.
-…Mas não é, pequerrucha… - pousei as mãos - …e de certeza que ‘tás bem melhor assim…
…O ar dela estava sério, mas com um esboço de sorriso a aflorar-lhe os lábios…
-…Isso não sabemos, não é, rapaz…? – desviou um fio de cabelo da face e desenhou no rosto umas características covinhas no canto da boca.
E com aqueles luminosos olhos castanhos a acariciarem-me docemente…
E a fazer-me recordar…
…Os mesmos olhos que, quase um década antes, enquadrados num rosto lindo, se cruzaram, de forma fugaz mas intensa, com os meus e me encadearam e prenderam no meio da alegre confusão dumas festas campestres de Verão…
…Olhos que logo perdi de vista no meio do turbilhão e que no preciso momento em que tentava indagar a quem pertenciam, voltaram a surgir, minutos depois, como por magia e para minha imensa surpresa, na minha frente, encimando um corpo jovem, envolto numa blusa branca e colete vermelho, em perfeito contraste com os cabelos lustrosamente negros…e uma voz cristalina que me soltou um “Olá” alegre, sonoro e prolongado…
…Olhos de alguém que amei muito, mesmo que nunca tivesse provavelmente dito o quanto muito e tantas vezes como lhe o deveria ter dito… e sei agora o quanto sentiu a falta disso…
…Olhos de alguém que, apesar bem mais nova que eu, era em vários aspectos, talvez, mais madura que eu…
…Olhos de alguém que me surpreendia, de forma refrescante e tantas vezes, pela forma de ser, de pensar, de agir…
…Olhos de alguém que, para além de todo o seu corpo e alma, me ofertava coisas tão simples, belas e significativas…
…Olhos de alguém que cheguei a pensar, mesmo com todas as nossas várias diferenças que no fundo nos completavam um no outro, vir a ser cúmplices e companheiros dos meus no resto da vida…
…Olhos de alguém que, por minha luxúria e egoísmo meu, decepcionei e magoei de forma muito profunda e dolorosa e que enchi de lágrimas…lágrimas que depois, mais tarde, de modo irónico e quase catártico, acabaram por cair dos meus por ela…      
…Olhos de alguém que sempre observei depois e à distância reservada, crescer mais ainda como pessoa, mulher, esposa, mãe e sentir um certo orgulho de ter sido amado por tal ser humano…
…Os mesmos olhos que agora, ali à minha frente, continuam a fitar-me assim…suaves e penetrantes, intensos e meigos…a dizerem-me que, ainda assim, sempre me amaram…
…Afastei o pensamento destas lembranças e desci à terra…
…Olhei o relógio…era dia de semana…ela tinha que voltar à vida dela e eu à minha…mesmo que não fosse dia de semana seria assim…
- Tenho que ir… - disse baixinho.
- Eu também – concordou.
…Acompanhou-me à saída antes de eu regressar à rua… a morrinha continuava, mas o vento amainara…
…Despedimo-nos com um abraço longo, um beijo carinhoso na testa e na face, senti-lhe o hálito fresco e o quente da pele, evitei a tentação e a vertigem que (senti mútua) de tocarmos, mesmo ao de leve, os lábios de um no outro…
Eu não o mereço fazê-lo, ela não merece que eu o faça e existe mais alguém que não o merece também…
…Senti um estremecimento no corpo… não sei se era meu, se era dela, se era de ambos …ou se era, simplesmente, da corrente de ar que por ali passa…
…Apartamo-nos com as promessas usuais de quem se vê de longe a longe, quer pela voragem dos dias, quer por circunstâncias várias…
- Vamos-nos vendo, ‘tá…?
- Sim, claro…telefona.
- Sim, diz qualquer coisa também.
- Tomamos um café depois, um destes dias.
…Dei-me conta de que as nossas mãos estão esquecidas umas nas do outro…
…Afastei-me devagar, acenei-lhe com um meio sorriso que me devolveu, antes de me virar definitivamente rua baixo, desviando-me das poças de água no asfalto, enquanto evitei (a contra-gosto) olhar para trás uma ultima vez para vislumbrá-la…pensando que, ainda assim, tanto ficou para dizer…
…A mais bela rosa ficou lá atrás e, de alguma forma, talvez tenha resgatado alguns dos espinhos que lhe dei anteriormente… e levei-os cravados no peito…
...Já passaram alguns anos (e ainda cá permanecem…).

JP ®

P’ra rir…ou sorrir…031



…Esse bacano do filme faz-me lembrar alguém, de manhã, quase todos os dias da semana… quem será…? rsrsrs

…Mas mais logo não, que é domingo…!!!  ;)))

sábado, 21 de fevereiro de 2015

P’ra rir…ou sorrir…030

Centro operacional do 112.
Atendem o telefone e vão anotando a emergência.
- 112, linha de emergência…
- Por favor, mandem alguém…!! Urgente…! Entrou um gato aqui em casa…. – alguém grita do outro lado da linha.
- Desculpe… Como assim…um gato em casa?
- Um gato, sim…!! Ele invadiu a casa e está caminhar na minha direcção… Socorro…!!
- Calma…Você quer dizer um ladrão…um assaltante?
- Não, porra…!! Estou a falar de um gato mesmo, caralho… - vocifera – Desses que fazem miau, pá…. Acudam-me…!!!
- Mas…o que é que tem o gato ir na sua direcção…?!?
- Ele vai-me matar, foda-se….!!! E vocês se não me ajudam são culpados…!! – clama desesperado.
- Quem está a falar ? – exaspera-se o assistente do 112 – Identifique-se, se faz favor…

- É o papagaio, caraças…!!!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

…insónia (once again)…

“Quando não conseguimos dormir é porque estamos acordados no sonho de alguém.” (vox populi)
Detalhe de “La nuit étoilée” (1888), de Vincent Van Gogh

…805 million names…


…a minha sincera e sentida a homenagem a Zlatan Ibrahimović, enquanto ser humano solidário, disponibilizando o seu mediatismo e dando o “corpo” (até no mais literal significado da palavra) à causa do combate à fome no mundo…


(…por cá, alguém similar, está mais vocacionado para publicidade a champôs, cuecas e bancos falidos…)

On 14 February 2015, Paris Saint-German played against Caen at Parc des Princes. For most players this game was just another day on the job. For Zlatan Ibrahimović this was his most important game to date. 

Underneath his sweater he had 50 new names tattooed. Names of people he’d never met, but still wanted to keep close. Names of some of the 805 million people suffering from hunger today. 

These people don’t often make the front page, yet hunger and malnutrition are the number one risk to health worldwide — greater than AIDS, malaria and tuberculosis combined.

This is a campaign from the World Food Programme, the world's largest humanitarian agency fighting hunger worldwide. In emergencies, they get food to where it is needed, saving the lives of victims of war, civil conflict and natural disasters. WFP is part of the United Nations system and is voluntarily funded. 

On average, WFP reaches more than 80 million people with food assistance in 75 countries each year. About 11,500 people work for the organisation, most of them in remote areas, serving the hungry.

Support The United Nations World Food Programme and Zlatan Ibrahimović’s fight against hunger at 
http://WFP.org/805millionnames

Soundtrack:  “Tornado” – Jónsi