"Boomtown"
(from "Local Hero" OST), written by Mark Knopfler,
performed by Alan
Clark, Michael Brecker, Mike Mainieri, Neil Jason and Steve Jordan
"Boomtown"
(from "Local Hero" OST), written by Mark Knopfler,
performed by Alan
Clark, Michael Brecker, Mike Mainieri, Neil Jason and Steve Jordan
Dois textos publicados por Francisco Moita Flores que vão “directo ao osso”…
29-05-2021
CALCINHAS
EM BAIXO E CALADINHOS, QUE VAMOS LEVAR NA BOLHA!
É de uma enorme injustiça aquilo a que temos
assistido na cidade do Porto durante estes últimos dias. E para consolidar a
coisa, fomos sujeitos a uma série de mentiras, de manobras de linguagem e
hipocrisia que só podem causar repulsa.
1 - Ainda não há três semanas que o Sporting se
sagrou campeão. Multidões nas ruas.- Perante a indignação andaram os
jornalistas à cata de responsabilidades. Em vão! Ninguém era responsável. Tudo
terminou com a justificação de um ofício perdido que foi da PSP para a Câmara
de Lisboa, ou vice versa, e o pessoal aceitou, conformadinho, a situação de
risco que se viveu e, hoje, está associada, entre outros factores, ao
crescimento da pandemia na região de Lisboa.
Os Leões celebraram a vitória à porta fechada, sem
público no Estádio. O povo aceitou. Aceita sempre.
Por esses dias foi anunciada a final da Liga dos
Campeões em Portugal, no Dragão, na cidade do Porto. Bom, desta vez, o nosso
primeiro não veio proclamar que era mais uma homenagem aos profissionais de
Saúde-
Mas iria ter público. Seis mil e tal adeptos. O
povo perguntou qual a razão para haver público nesse evento e nos outros
eventos desportivos serem à porta fechada?
2 – A resposta foi vaga e veio a final da Taça de
Portugal entre o Benfica e o Braga. A ‘Festa do Futebol’ sobre a qual escrevi
um post. Nem benfiquistas, nem bracarenses, nem sócios, nem adeptos entraram no
estádio de Coimbra em obediência às ordens governamentais que impunham severo
confinamento. E a ‘Festa do Futebol’ tornou numa final em prisão domiciliária.
Foi há uma semana! Parece que correu muito tempo, mas não. Foi no último sábado.
3 – Esta semana, a senhora ministra Vieira da
Silva veio fazer uma explicação muito pormenorizada sobre a final europeia.
Surgiu a ‘teoria da bolha’. E soube-se que iriam estar no estádio do Dragão um
número mais avantajado de adeptos. Mas que não haveria problemas pois vinham
todos dentro de uma ‘bolha’ que rolaria do aeroporto até ao Estádio e,
terminado o jogo, a ‘bolha’ correria até aos aviões.
Como é hábito, mentiram mais uma vez. Os adeptos
começaram a chegar a meio de semana, aproveitaram para conhecer aquela bela
cidade e emborcar uns quilolitros e cerveja. E acho que fizeram muito bem.
Mandaram o Governo levar na ‘bolha’!
Os reinantes caladinhos e uma briosa e competente
Comandante da PSP ditou as regras. Mas a missão era impossível, como se viu.
4 – Dou de barato a festança dos ‘bifes’ na cidade
Invicta.
5 – Afinal, no Estádio estavam para cima de 25 mil
adeptos ingleses!!!
6 – O que me levou a perceber que o Partido, e o
governo que o serve, estava nas tintas para quem cumpre regras. Nestes dias,
jogam-se as finais de campeonatos portugueses em várias modalidades, com
atletas portugueses e não há ‘bolha’ nem meia ‘bolha’. São à porta fechada e
sem público!
7 – A realidade inventada, vendida e
comercializada pelos reinantes, a alegria com que mentem, com que ludibriam,
com que passam culpas ou fazendo que não sabem é a melhor forma de nos ir à
‘bolha’. Veja-se o ministro Cabrita que, ao ser questionado sobre a situação,
declarou que não sabia de nada e esperava um bom jogo. Assim, com esta
sobranceria.
8 – Tinha outra ideia da Ministra de Estado e,
agora, também da ‘Bolha’. Afinal também nos finta com a mesma indiferença de
muitos dos seus colegas.
9 – E pronto! Aqui estamos quietinhas,
sossegadinhos, calcinhas em baixo, para, mais uma vez, levarmos na ‘Bolha’. Bem
proclamava o velho Almirante: ‘O Povo é sereno’. Serenos demais, diga-se.
Boa Saúde para Todos!
QUE
VALENTE PAR DE CORNOS!!!
1 - Há
cerca de três semanas, a Inglaterra abriu o corredor verde, integrando Portugal
e as praias nacionais ao turismo inglês. Os responsáveis portugueses bolsaram
alegria e promessas de um Verão radiante, promissor, prenho de felicidade para
quem tanto sofreu com a pandemia. E a notícia foi reforçada com outra boa nova:
O nosso primeiro poderia homenagear, mais uma vez, os profissionais de saúde,
com uma final da Champions. Disputada por duas equipas inglesas. Entrámos,
assim, no esplendor da luz perpétua. O generoso Reino Unido abria mãos de uma
final entre dois dos seus clubes mais importantes e ofereceu-a gentilmente à
cidade do Porto.
2 - A Ministra de Estado e da Bolha tranquilizou
os mais desconfiados de tanta generosidade. E vendeu-nos graciosamente, a
teoria dos adeptos e hooligans, viajando em bolhas.
3 – A mais antiga Aliança do Mundo aí estava a
funcionar. Como é bom manter as amizades, diziam alguns. E foi aquilo que se
viu. Hordas de bêbados invadindo uma das mais belas cidades do Mundo e com razão.
Nós cedemos-lhe o espaço público porque estávamos (e estamos) sujeitos ao
confinamento. Nem aos nossos jogos de futebol podemos assistir. Seja futebol de
graúdos ou de miúdos, quem não arranjar um contentor do lixo, sobre o qual
espreite de longe os seus filhos ou a equipa da sua eleição, fica em casa,
caladinho, piando baixinho, deleitado com o nosso Almirante que corre o País a
dar milhares de vacinas por dia.
4 – Para calar os poucos indignados com a
história da desigualdade entre ingleses e portugueses em terras lusas, ontem o
chefe anunciou mais um passo no desconfinamento. Foi dia de grande euforia para
muitos, Portugal no rumo certo!, para fechar a boca de vez àqueles que não
encarneiram.
5 – Hoje, a besta deu um coice. Afinal, Portugal
abre um pouco mais e a Inglaterra fecha o corredor verde. Os turistas tão
desejados obrigados a quarentena que, afinal, o nosso País não é seguro.
Percebe-se o drible. Abriu para que fosse possível oferecer outra final da
Champions aos profissionais de Saúde. Fecha-se porque a homenagem está feita.
Uma bondade do Magnífico Império Britânico para esta coloniazita
insignificante.
Do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros,
iluminado entre iluminados, nem uma palavra até agora. Mais uma derrota das
muitas que sofreu mas que sempre aceitou com o seu dom carismático: a
pesporrência.
6 – É certo que fomos gozados mais um vez. Ao
longo de séculos que a velha Britânia nos goza e, na volta, acha que até
gostamos. Mas que nos pregou um valente par de cornos com esta manobra, lá
isso…
7 – Agora, vai ser o contra-ataque
governamental. Os regimentos de propaganda em acção. As companhias de
comentadores na linha da frente. E já se sabe. A vitória de ontem, hoje
transformada em derrota, que os melhores de todos nós, irão transformar numa
gloriosa jornada do Chefe e da grande família que nos governa.
Boa Saúde para Todos!