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Bruce Springsteen – vocals
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Roy Bittan – piano
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Richard Davis – double bass
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Randy Brecker – trumpet
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Bruce Springsteen – vocals
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Roy Bittan – piano
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Richard Davis – double bass
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Randy Brecker – trumpet
Castelo de Vide, uma pequena vila no distrito alentejano de
Portalegre, foi a mesma que, na sua Rua de Santo Amaro, no nº 15, viu nascer
Fernando José Salgueiro Maia, no remoto dia 1 de julho de 1944. Mal sabia a
vila e os seus próprios pais que estaria ali o rosto da Revolução dos Cravos,
que destronou e fez desmoronar o Estado Novo, regime ditatorial vigente em
Portugal desde 1926, ainda antes do seu nascimento. A sua vida foi fugaz, tendo
falecido aos 47 anos, no dia 3 de abril de 1992, na cidade de Lisboa. Lisboa,
que seria a cidade-palco de uma das datas mais significativas do calendário
português: o 25 de abril. No caso, o de 1974.
Salgueiro Maia cresceria um pouco longe desse Castelo de Vide, nomeadamente nas cidades de Coruche, de Tomar e de Pombal, todas elas bem a centro do país, embora tenha deixado amigos nessa vila que o viu nascer. Órfão de mãe desde os 4 anos — tinha falecido aos 29 anos de idade, num passeio por Lisboa, depois de ter sido atropelada por um autocarro, à imagem do marido e do filho, embora sobrevivessem —, viveria com o seu pai, Francisco, que foi ferroviário durante a sua vida e que forçou estas várias mudanças de residência. Seria criado por ele e pela sua companheira, Maria Augusta, que era modista e a quem chamaria de “madrinha”. O avô, pai de Francisco, ficaria por Castelo de Vide, vivendo perto da sua estação, levando a que o pequeno Salgueiro Maia não perdesse a sua ligação às raízes.
Foi em
Leiria que finalizou o ensino secundário e, aos 20, ingressou na Academia
Militar, sendo colocado na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, nas
proximidades das cidades por onde cresceu e viveu, para o tirocínio (a prática
de serviços militares). Isto mesmo apesar da disposição de o pai de o colocar a
estudar em Coimbra, mas com Salgueiro Maia a querer, para si, o serviço militar
e a defesa dos valores do Estado e do país. Para isso, e não obstante a sua
estatura pequena, compensava com trabalho obstinado e empenhando, usando a
farda como se fosse parte de si, mesmo nos fins-de-semana de repouso.
Assim,
materializou uma paixão que já tinha pela segurança e salvaguarda dos outros,
já que, quando era mais novo, gostava de brincar às guerras ou assumindo o
papel de xerife, mostrando, de igual forma, o seu jeito a comandar pelos campos
das cidades onde viveu e abdicando da bola nos pés. Brincadeiras que, embora
mostrassem um jovem ativo e reboliço, não escondiam a tristeza interior de ter
perdido a mãe tão cedo. De igual modo, na figura de comandante de instrução,
chegou a fazer parte dos corpos militares portugueses na Guerra Colonial,
nomeadamente da 9.ª companhia dos Comandos.
Era,
então, alferes-coronel, tendo sido mobilizado para Moçambique no ano de 1967,
perdurando até 1969. Com a promoção a capitão, em 1970, seguiu para a Guiné um
ano depois, onde ficou até 1973. Lá, pôde vivenciar, na primeira pessoa, as
grandes preocupações e perturbações que camaradas seus nutriam, numa guerra que
não era a sua e que queriam que deixasse, definitivamente, de que acontecesse.
Tanto que, no regresso a África, pelas portas da Guiné, encabeçou a companhia
que designaria de “Os Progressistas”, levantando algumas sobrancelhas
internamente. A isso, juntavam-se as adaptações que iam fazendo das músicas de Zeca
Afonso, conotado com a contestação ao regime.
No
entretanto, e na crescente contestação no seio do exército em relação à
política colonial e à própria política repressiva interna do Estado Novo,
Salgueiro Maia apareceu na figura de delegado de cavalaria e fez parte da
Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA). Havia sentido na
pele a sobranceria das altas patentes e também a forma subserviente como
olhavam os colonizados, empregando-os em trabalhos que não ficavam longe da
escravatura. De igual modo, ia integrando os primeiros ventos de conspiração e
de contestação ao regime, ainda em solo africano, por entre os membros do
exército, que pensavam numa solução política ao invés do confronto de armas.
Nesse papel, esteve envolvido na intentona do Levantamento das Caldas, a 16 de
março de 1974, em representação daqueles que tinha visto serem detidos por
causas que consideravam legítimas, materializando o sentido de camaradagem do
exército. Não obstante, os receios de se desferir fogo e de haver derramamento
de sangue, para além de falta de unanimidade na adesão a estas iniciativas, não
fizeram lograr os seus intentos.
O sucesso
matinal naquela praça, não obstante o confronto com forças leais ao governo,
que viriam a condescender — apesar de um blindado, liderado pelo brigadeiro
Junqueira Reis, ter chegado a ordenar que disparassem sobre Salgueiro Maia — e
outras até a desertar, conduziria, por ordem do comandante Otelo de Saraiva
Carvalho, um dos cabecilhas desta Operação Fim-Regime, recolher a rendição do
então presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, que cede o poder
ao General António de Spínola no célebre Quartel do Carmo, no largo homónimo
lisboeta. Perante a tensão existente, mas salvaguardado com a lealdade dos seus
camaradas, chegou a ordenar, com o célebre megafone, que fossem desferidos
tiros sobre a parede exterior, depois de montado o cerco sobre o quartel.
Salgueiro Maia, que salvaguardaria a segurança deste na viagem até ao avião que
o levaria para a Madeira, ponto intermédio para o exílio no Brasil. Seria,
assim, um vulto heróico numa cidade à qual nunca guardou muita estima,
especialmente dada a morte da sua mãe décadas antes.
Só
regressaria a esta quase dez anos depois, depois de estar em serviço nos Açores
— na 3.ª Repartição do seu Quartel General — e, de novo, em Santarém, já em
1979, gerindo o setor prisional do Presídio Militar, para além de ter passado
pelos serviços administrativos da Direção de Arma de Cavalaria, em Lisboa.
Enquanto isso, prosseguiu os seus estudos, conseguindo uma licenciatura em
Ciências Políticas e Sociais e uma pós-graduação em Ciências Antropológicas e
Etnológicas, ambas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Retomava, assim, o seu objetivo académico, que havia sido frustrado no regresso
de Moçambique, por força da Crise Académica de 1969. Dava, com isto, forma e
conteúdo às suas paixões de vida, viajando pelo estrangeiro ao lado da sua
esposa e fazendo parte da Associação dos Amigos dos Castelos, destinada à
salvaguarda dos monumentos militares em Portugal.
No
percurso profissional, recusaria fazer parte do Conselho da Revolução, para
além de declinar um convite para assumir o cargo de governador civil do seu
distrito de Santarém, ser adido militar — oficial com funções diplomáticas com
as autoridades de um dado país — na embaixada que pretendesse ou até fazer
parte da Casa Militar da Presidência da República, o gabinete de suporte ao
também Comandante Supremo das Forças Armadas. Em 1983, já no grau de major, ao
qual subira dois anos antes, receberia a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, sendo
condecorado, de igual modo, com o grau de Grande-Oficial da Antiga e Muito
Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito no ano da
sua morte, 1992, e, quinze anos depois, com a Medalha de Ouro da cidade de
Santarém. Em 2016, também seria condecorado com a Grã-Cruz do Infante D.
Henrique.
A sua
vida terminaria em abril de 1992, no Hospital Militar de Belém, depois de lhe
ser diagnosticado um cancro intestinal, pese embora várias cirurgias. Deixara a
sua esposa e amor da sua vida, Maria Natércia Santos, professora que havia conhecido
pouco tempo depois de voltar de Moçambique, com quem casou em 1970, para além
de Catarina e de Filipe, os filhos que foram adotados pelo casal nos anos de
1985 e de 1988. A sua última patente seria a de tenente-coronel, à qual
ascendeu em 1988, embora sempre fosse contra grandes promoções e o exercício de
funções de vulto.
“As conquistas do capitão de Abril
Salgueiro Maia”, por Lucas Brandão, publicado
em 03 de Abril de 2022 em https://comunidadeculturaearte.com/
A Salgueiro Maia
Image via
Getty/Adam Berry
Graffiti art by Dominican artist Jesus Cruz Artiles (also known as Eme Freethinker) on a ancient Berlin Wall´s section, depicting the night actor Will Smith slapped Chris Rock on stage at the 94th Academy Awards ceremony held at the Dolby Theatre in Los Angeles
I hate what happened Sunday. I hate that what
happened Sunday happened.
I hate that Sunday was a violent display of opulence.
I hate that no one cared. I hate that everyone cared.
I hate that I watched it, and then watched it again, and then slowed it
down because I couldn’t believe that it’d happened.
I hate that I joined the voices on social media.
I hate that my first response was to joke about it. And as
much as I hate the hate that hate created,
I hate us. All of us.
I hate everything.
I hate Chris Rock and his underwhelming, highly offensive joke.
I hate Will Smith for dragging us into this.
I hate everyone’s hot take except for this one.
I hate hot takes.
I refused to write a hot take because I knew everyone was going to have a
hot take.
This is not a hot take. It’s a hate take.
I hate the images. I hate the conversations.
I hate the academy. I hate Roman Polanski.
I hate the misdirection tweets — you know, the ones that start talking
about Sunday only to remind us that Antarctica is melting or that Ukraine is at
war with Russia.
I hate that we can multitask. So we never forget that Antarctica is melting
or that the people of Ukraine are suffering.
But mostly, I hate the celebrities that have joined teams.
Team Will or Team Chris.
I hate teams.
I hate Amy Schumer and her Karen-esque response. I hate that it
involved her “being triggered” and “traumatized” or something days after.
I hate how this had nothing to do with her, and yet, here we are.
I hate that this was an actual televised Black-on-Black crime.
I hate that white people now feel comfortable speaking about Black folks’
business.
I hate Diddy for lying.
I hate that Amanda Seales tweeted this, and then was
called out for this.
I hate that at one point I thought Tom Segura was a funny comedian, and
then Sunday happened and he felt real comfortable calling Jada Pinkett-Smith a
“bald-headed bitch.”
I hate that Black women never feel protected.
I hate that they have to put up with this.
I hate that being starved for protection made some feel like Sunday was
called for.
It was not, and I hate that for Black women.
I hate Joe Rogan. He’s got nothing to do with this, but I hate him, too.
Wait, yes he does because he had a hot take and I didn’t read it but I’m
sure I hate it.
I hate Red Table Talks.
We are probably going to have a Red Table Talk.
We are definitely going to have a Red Table Talk.
I hate that for us.
I hate the access we have to celebrities. I hate that they can send out
whatever they feel in real time. I hate that Sunday happened and now, I
hate Zoe Kravitz.
I hate that Black Twitter had CVS receipts for the entire Kravitz family.
I hate everyone in the Kravitz family besides Lisa Bonet.
I will not hate Lisa Bonet.
I hate “toxic masculinity” and “respectability politics.”
I hate camps.
I hate that I can’t decide which camp I’m in.
I hate Kareem Abdul-Jabbar’s take.
Wait, Kareem Abdul-Jabbar had a take?
I really hate that.
I hate OJ Simpson.
I hate Raven-Symoné.
I hate Jim Carrey.
I hate Sophia Bush.
Who on earth is Sophia Bush?
I don’t know, but I hate her.
I hate that everyone is a tough guy, or a psychologist, or a cop, or an
apologist.
There’s only one celeb who gets me, and that’s Daniel Radcliffe (aka Harry
Potter), who — much like me — hates all these celebs and their crappy takes
too.
I once loved the openness of the
Smith family.
Now I hate it.
I hate entanglements, both as a
word and as a song.
I don’t hate August Alsina.
I hate that he came to the Smiths for help.
I hate that Jada took advantage of that situation.
I hate that we don’t talk about that.
I hate that Red Table Talk. The one where Will Smith cried.
I hate that everyone made fun of him for it.
I hate that we saw the other Will Smith because of it.
I hate that Jada didn’t get to stick up for herself.
I hate the way Will walked back to his seat.
I hate that people want to see another Black man arrested.
I hate that they might not be wrong.
I hate that this is all far from over.
I hate it all.
I hate that for us.
This article originally appeared on HuffPost,
by Stephen A. Crockett Jr. and has been updated. (March 31, 2022, 6:36 PM)