quarta-feira, 17 de abril de 2013

…a maior alma do mundo…

JP ®


…é facil falar dela e ao mesmo tempo insuficiente tudo o que possa dizer sobre ela…

…conheço-a desde sempre e também ela me conhece melhor que ninguém porque foi ela que me trouxe a este mundo…

…a minha mãe…

…posso, obviamente, ser suspeito, mas acho que não conheço uma pessoa que não goste dela… alias, acho quase toda a gente a adora, depois de a conhecer…

…talvez por simplesmente irradiar dela uma sensação de luminosidade e confiança que apenas as pessoas verdadeiramente plenas de bondade e de sinceridade, verdadeiras, solidárias e sábias, sabem fazer sentir naqueles que, por destino ou acaso, se cruzam ou entram na sua vida…

…falar dela na minha vida é, naturalmente, falar em todas as coisas importantes e de valor que ela me incutiu… e se existir alguma coisa de bom (se é que existe…) que possam os outros encontrar em mim e no meu caracter, de certeza que foi ela quem o plantou e fez germinar em mim…

…por vezes até o terá feito com alguma dificuldade, porque admito que também não fui o solo mais fácil de arar e receber boas sementes, já que tive durante o meu crescimento a minha dose intrínseca de rebeldia teimosa e de certo que lhe provoquei algumas preocupações… algumas delas perfeitamente evitáveis, vistas à distância dos anos que me fizeram chegar até ao presente, mais velho, talvez mais maduro, porventura não tão sábio como gostaria de ser…

…no entanto, no meio de toda essa tarefa árdua que em parte lhe dei (“quem tem filhos, tem cadilhos”, diz o ditado popular), sempre e mesmo nas alturas mais difíceis, sei que sempre teve confiança em mim para encontrar o melhor caminho nas diversas encruzilhadas do meu caminho… e essa confiança, que talvez também eu tenha sabido “conquistar”, agradeço-lha eternamente (como em tantas outras coisas…) porque me fez saber desde muito novo a usar o meu livre arbítrio e a fazer por resolver a minha vida sozinho…

…é de certeza uma das pessoas mais honestas e lutadoras que conheço, por toda a minha vida que tenho em comum com ela e também pelo que vim a descobrir da vida dela antes de eu nascer…

…não conheço ninguém, mas ninguém mesmo, que sempre como ela pusesse tanta vez os que lhe são queridos à frente de qualquer prioridade sua… muitas vezes para seu prejuízo ou dor… e muitas vezes também, infelizmente, sem que muitas dessas pessoas sejam reconhecedoras, gratas ou simplesmente conscientes ou sensibilizadas dessas suas nobres atitudes… é muito, muito triste dizê-lo, mas existem pessoas que não a merecem ter como familiar e como amiga…

…abdicou de muito na sua vida em vários termos (educacional, profissional, lazer, etc.) desde menina ainda, em prol e sacrifício de pais, irmãos, marido e até dos filhos, a quem sempre transmitiu os melhores valores, conhecimentos e um incomensurável amor…

…em termos de capacidade intelectual (apesar de lhes terem “roubado” espaço para progredir mais) e de sentido intuitivo, raramente encontrei pessoa como ela, sempre sagaz, sensível e muito à frente em termos de pensamento e acção em relação à maioria das pessoas da sua geração e até mais novas…

…é um eterno e incontornável pilar de toda a família, um coração ardente e sem tamanho mesurável, farol para quem sempre se voltam cada vez que qualquer mínimo ou grande problema ou crise exista… quando muitas das vezes, sei-o bem, quando precisou ela de alguém quase ninguém disse presente…

…a noção de família, como a entendo (e que, infelizmente e por saturação de hipocrisia constante, fiz por perder em grande parte, excluindo a minha família nuclear), foi ela que me transmitiu, assim como foi ela que muitas vezes aguentou todos os alicerces do que, nessa vertente, por vezes pareceu perto de desmoronar…

…tempos mais doces no seu caminho também os teve, naturalmente, e de certeza que foi muito feliz em muitos momentos da sua vida (até porque, na sua simplicidade maior, nunca precisou ou quis muito mais que paz, amor e saúde para si e para os que lhe são queridos para ser feliz)…

…mas até nisso o destino foi tremendamente cruel com ela, agora que merecia um resto de uma vida de muita luta e sacrifício, vivido com suave descanso e agradáveis dias no seu cantinho… a tortuosa e inexoravelmente dolorosa doença do seu sempre amado companheiro de vida e meu pai, veio roubar-lhe esse pequeno tesouro que seria um final de vida sossegado e em paz…   mas mesmo assim segue o seu caminho estoicamente, sem que ouça dela queixumes e com uma fé que muito admiro, embora eu esteja cada vez mais longe de compreendê-la no que me diz respeito, devido a tanta situação injusta que tenho observado e vou continuando a ver à minha volta neste mundo…

…nos últimos tempos, contudo, houve uma alegria maior na sua vida, que veio amenizar um pouco essa sina… algo que nunca lhe dei (e sei que sempre quis e merecia muito), mas que o meu mano se encarregou de oferecer: um neto, que a faz rir e vibrar como uma menina e lhe deixa os olhos a brilhar, ora de felicidade, ora de emoção…

…hoje, 17 de Abril, é o dia do seu aniversário…

…eu queria ofertar-lhe tudo o que pudesse e não consigo (infelizmente) nesse mundo para senti-la bem e sabê-la feliz, mas pouco mais lhe posso dar que o meu desmedido agradecimento, o meu eterno amor e regozijar-me pela fortuna que tenho em tê-la como minha mãe e amiga…     

…apesar de todos os meus defeitos, sei que ela tem muito orgulho em mim e, naturalmente, no meu irmão, como seus filhos… mas ela pode ter a certeza que muito mais orgulho tenho eu que ela sinta isso por mim até hoje…

…tudo o que poderia verter aqui em palavras para significar o que esta pessoa é na minha vida é imensamente limitado, tão simplesmente porque é impossível traduzir em palavras sentimentos incondicionais ou tentar explicar a essência da maior alma do mundo: a minha muito amada mãe…  
JP ®

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