José Gomes Ferreira critica a
forma como o juiz desmantelou a acusação do Ministério Público e o tom jocoso
que usou.
A decisão do juiz Ivo
Rosa na fase de instrução do processo da Operação Marquês foi conhecida esta
sexta-feira. O juiz decidiu que grande parte do processo não passará a
julgamento, incluindo 25 dos 31 crimes de que José Sócrates era acusado. José
Gomes Ferreira critica atuação do juiz e a considera que foi passada “uma
grande esponja” sobre as provas indireta.
“O que mais me surpreendeu foi o passar de uma grande esponja - literalmente - sobre aquilo que são as provas indiretas de que houve benefício de milhões e milhões de euros a favor de um ex-primeiro-ministro. E foi passada uma grande esponja pelo juiz Ivo Rosa que criticou e tentou desmantelar completamente uma tese da acusação. Mas não está isento de crítica”, disse o jornalista na Edição da Tarde.
José Gomes Ferreira
sublinha que a fundamentação para desmantelar a acusação teve por base “os
depoimentos dos amigos de José Sócrates, dos governantes que governaram com
José Sócrates e dos próprios depoimentos dos empresários gestores, donos do
negócio, que estavam a beneficiar com as suspeitas de corrupção e influências”.
“É com base nestes testemunhos que o juiz Ivo Rosa vem dizer aos portugueses ‘não está ligado’, ‘não está confirmado’, ‘não tem lógica’? Como não tem lógica? Então ele achava que ia anunciar no inquérito ‘sim, eu paguei, eu fiz-lhe chegar dinheiro’? É assim que funciona a prova de corrupção em julgamentos de corrupção?”, questiona o jornalista.
Para além da
"esponja", José Gomes Ferreira identifica ainda o tom jocoso e
irónico que o juiz uso durante a leitura da decisão. O jornalista considera que
“Ivo Rosa prestou um péssimo serviço à Justiça do país e colocou a justiça num
grau quase zero”.
“Quem se julga Ivo Rosa para se arrogar no direito de, por um lado, usar um tom jocoso, com adjetivos absolutamente deslocados para aquilo que seria uma consideração sobre o trabalho de parceiros da Justiça, e para desmantelar completamente uma acusação que ele sabe que só pode ser feita por prova indireta?”, interroga, acrescentando que – “em bom português” – o juiz Ivo Rosa “gozou com Ministério Público, e mais do que isso, gozou com os portugueses que pagam impostos”.
José Gomes Ferreira espera agora que seja
entregue um pedido recurso por parte do Ministério Público no tribunal da
relação e que o juiz Ivo Rosa seja “posto em seu devido lugar, que é o que ele
precisa”.
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