terça-feira, 19 de março de 2013

…o meu “velhote”…

JP ®

Hoje é dia 19 de Março, dia de São José, dia do pai…

…eu tenho a sorte de ainda o poder desejar ao meu progenitor porque ainda o tenho comigo em vida, embora de forma distante, física e também algo emocionalmente, porque actualmente, para ele, os dias correm iguais, já que a sua memória e a sua percepção das datas e de grande parte do que o rodeia, se vai diluindo aos poucos e sem regresso, à medida que a doença de alzheimer avança…

…mesmo assim, e apesar de praticamente já não conseguir falar, hoje ao telefone pude (com ajuda da minha mãe) ouvir dele um “olá”, uma espécie de eco do que ele já tinha ouvido do neto durante a tarde e que me contaram ter-lhe provocado um sorriso imenso desenhado com os olhos…

…não posso dizer que durante a minha vida tivesse sempre uma vivência pacifica com o meu pai… talvez, por em parte e como sempre me disseram, ter alguns traços marcantes de personalidade, talvez os menos bons, em que sou muito idêntico a ele…

…as situações de fractura quando surgiam chegavam a ser fortes ao ponto de, durante o final da minha adolescência, termos ficado praticamente um ano sem mal falar um com o outro…

…mas sei que, do seu modo e mesmo que não o conseguisse traduzir por completo, sempre gostou muito de mim e do meu irmão… e da minha mãe, naturalmente, sendo certo que tenho a certeza que não saberia viver sem ela…

…a idade e a aposentação fizeram-lhe adocicar o temperamento e criar um certo enclave de sossego e paz, em relação aos anos do passado…

…no entanto, essa reconciliação com ele mesmo e com os que lhe são mais próximos, essa tranquilidade envolvente pronta a ser finalmente disfrutada, foi-lhe roubada pela doença que o começou a consumir a mente e o corpo, dia após dia, há cerca de oito anos a esta parte…

…factura de erros passados ou sina de vida, seja o que for que lhe provocasse isso… mas acho que acima de tudo merece acabar os seus dias com dignidade…e isso, infelizmente, já lhe foi negado em grande parte…  

…mas hoje não quero pensar nas coisas menos boas que lhe (nos) aconteceram na vida…

…apenas, neste simbólico dia, quero deixar aqui um beijo carinhoso ao meu pai, ao meu “velhote”, dizer-lhe o quanto o amo e quanto sinto a falta dele, mesmo nos momentos em que estou junto dele…

…Boa noite, Quim Tó… Até amanhã… Bejufas…


JP ®

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