…existem verdades cristalinas para todos os que queiram ver, porém muito inconvenientes
para muita gente e muitos interesses…
…esta, na minha opinião, é uma delas e que dura anos e anos a fio, por
mais que nos digam que não e nos tentem atirar areia para os olhos…
O vice-presidente da UNITA, Raul Danda, considera que Portugal se tem
"vergado" nas relações com Angola, colocando-se numa "situação
de verdadeira dependência" e defende que falta um olhar "de igual
para igual".
"O facto de lá para trás Portugal ter
colonizado Angola não devia fazer com que se jogasse um papel mais ou menos
inverso, que é o que eu observo", disse, em entrevista à Lusa.
"Se surge um órgão de
comunicação social a falar de um membro do Governo [angolano], uma alta figura
na hierarquia do MPLA, zangam-se, fazem uma birra que nem crianças, agora não
queremos mais Portugal e Portugal verga. Quando Angola diz que a ministra não
vem, agora não queremos, Portugal verga. Quando gritam agora podem vir para vir
à tomada de posse [do novo Presidente, João Lourenço], Portugal verga",
afirmou.
Para o dirigente do maior partido da
oposição angolano, "por uma questão de dignidade, a determinada altura é
preciso que olhemos para os outros de igual para igual".
Atualmente, existe "uma relação de
verdadeira dependência de Portugal em relação a Angola" e isso "não é
bom".
Raúl Danda rejeita que esteja apenas em
causa a defesa dos interesses dos portugueses que investem e trabalham em
Angola.
"Neste momento, Angola precisa de Portugal e
Portugal precisa de Angola. Não pode ser uma situação em que uns impõem as
coisas como se os outros fossem os eternos necessitados. (...) Há angolanos que
trabalham em Portugal e há portugueses que trabalham em Angola. Isto ficou uma
aldeia global", sustentou.
Angola condenou que a imprensa portuguesa
tenha noticiado a constituição como arguido do então vice-presidente de Angola,
Manuel Vicente, por corrupção ativa.
Numa reação sobre o assunto, em fevereiro,
o Governo angolano considerou "inamistosa e despropositada" a forma
como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação ao vice-Presidente de
Angola, alertando que essa acusação ameaça as relações bilaterais.
No mês seguinte, o então ministro da Defesa
angolano e candidato do MPLA às eleições de agosto -- em que foi eleito
Presidente -, João Lourenço, exigiu "respeito" das autoridades
portuguesas às "principais entidades do Estado angolano", admitindo
que as relações bilaterais estavam "frias".
Na sequência deste facto, ficou adiada
"sine die", a pedido de Angola, a visita da ministra da Justiça
portuguesa, Francisca Van-Dúnem, a Angola, anunciada, em Luanda, pelo ministro
dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, durante a sua
deslocação ao país africano, em fevereiro, e que estava prevista entre 22 e 24
do mesmo mês.
Também não se concretizou a anunciada
visita a Angola do primeiro-ministro português, António Costa, que chegou a
estar prevista para a primavera passada.
O Presidente da República português,
Marcelo Rebelo de Sousa, estará presente na posse de João Lourenço, esta
terça-feira, em Luanda.
In www.jn.pt
em 23-09-2017
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