sábado, 3 de março de 2018

…Mensagem para uma limiana encantada (encontrada no fundo do baú das memórias)…




 (…a água a correr no chuveiro, eu debaixo dela e o telemóvel a tocar…
…depois “calou-se”…
…e depois, plim, plim, plim, os toques de sms’s a caírem na “caixa de correio”…
…toalha enrolada na cintura, corpo húmido do banho, deslizei dois dedos no aparelho…
…a chamada não atendida era da minha mãe…
…liguei-lhe de volta…
…veio a Lisboa, quer que vá hoje jantar com ela, com o meu irmão, com a minha cunhada e com meu sobrinho…antes de o meu mano viajar amanhã para uma formação técnica na Suiça…
…(obviamente não lhe o disse, mas) eu queria ir ver o rio… apetecia-me, apenas…sentar-me numa esplanada qualquer…e olhar o Tejo, com um irish coffe a aquecer as mãos e o sol no ocaso…
…mas vou reforçar os meus “afectos” e vou ter com eles aos Olivais…o Tejo vai continuar lá, “so, no problem”…
…depois inspirei fundo e li as tuas mensagens…
…coloquei o tlm à carga porque está quase a bateria está quase “morrer”…
…enfiei uns jeans e uma t-shirt no corpo, liguei o PC portátil, sentei-me no sofá da sala com ele no colo, pés descalços assentes na “mesa de ópio” na minha frente…
…e respondi às tuas “inquietações”…)

…Sobre exactamente essa mudança de dinâmica de que me falaste, C.
…Que foi o exacto momento que identifiquei antes, aquele exacto e imediatamente prévio momento da tua mudança de atitude para comigo…
…Se te lembrares da nossa conversa que antecedeu esse “Quê?”,  “Nada”,  “OK” (assim sucessivamente, tipo partida de ping-pong)  tu, que igualmente como eu és inteligente, sabes bem o que estava a perguntar quando te perguntei antes “…e…?”.
…Eu estou-me marimbando prás outras C.’s que existem no mundo…existes tu e era contigo que eu estava a falar... E para mim és única, por muitas C.’s que eu conheça…
…E a minha (falta) de atitude para contigo podes interpretá-la assim se quiseres…mas eu sou como sou e não sou, como já te tinha dito antes, mais um, similar a tantos que podes conhecer…
…Eu não te enrolo em conversas da treta como muitos podem fazer contigo… eu não te vou impor a minha presença nem solicitar a tua, se ambos não as quisermos sentir…eu não vou querer devassar-te a vida de forma curiosa, se tu não a quiseres partilhar comigo… e isso (ao contrário do que pensas) não quer dizer que não me interesse por ti… eu não te convido para tomar café para te contar meia-dúzias de larachas e mostrar-te como sou bom e que sei declamar poemas, como outros podem fazer, quando o intento final é tentar levar-te para a cama… eu não digo que és linda (apesar de o seres e muito) apenas por causa de teres um rosto de sonho e uns olhos que hipnotizam… nem preciso de estar a repetir isso mesmo de 3 em 3 minutos, se te posso dizer isso 1 vez por dia desde que eu o sinta (e tu o sintas que o digo) verdadeira e profundamente…
…Isso é para os outros e haverá vários que o tentam contigo…eu sou eu….mais reservado, talvez, mas não podes ler os meus sentimentos baseada nos outros que se cruzam na tua vida, apesar de não serem todos desse tipo…eu sou assim, como sou… por muito que te faça confusão ou não agrade… E talvez porque se assim não o fosse e sentisse, nem sequer nos teríamos falado da primeira vez, rapariga…
…E é isso que queres de mim, C.? …O que tens de tantos outros (amigo/as)….? Um nome, um número de telemóvel, uma foto, um endereço virtual ou ser mais item ou acessório na tua vida…?
…O que (penso que) tu queres, no fundo, eu também quero, acredita…acho é que o queremos atingir de forma, talvez, diferente, mas disso não me podes culpar ou julgar, C.
…Estás completamente enganada quando dizes que não quero saber de ti, ou pelo menos não o demonstro…Concedo que sim, até nesse ponto, não o demonstrar como tu gostarias ou te identificarias mais…talvez porque não te faço perguntas de chofre (não, assim, sem sequer te estar a olhar nos olhos) e talvez porque tenho o meu “feitio” que tanto te desagrada nesse aspecto…
…Como me disseste, também eu quero, desejo muito, fazer parte da tua vida e tu da minha, seja de que forma venha a ser… quero ver-te, ouvir a tua voz, tocar-te, sentir o teu cheiro, o teu olhar e tu o meu…quero ver ver-te sorrir, rir, chorar, até quero ver a tua expressão quando ficas “pior que ursa” comigo… quero ver-te caminhar, correr, saltar, quero ver-te quieta a ler um livro ou a olhar o horizonte… quero-te inteira como és, mesmo diferente de mim… e digo-te tudo isto mesmo que me digas de novo que “dizer a alguém o que se quer é já por si um fracasso”… Isso para mim é uma treta, mas se assim entendes que seja, então “fracassei” contigo ou em relação a ti…
…E as pessoas não reagem todas da mesma forma ou aos mesmos estímulos, C., deves sabê-lo porque conheces tanta e tão diversa gente…e a prova mais eloquente e paradigmática disso mesmo somos nós dois…
…A reacção que esperavas de mim não foi a que tiveste (assim entendi) e talvez eu não contasses que reagisses de um determinado modo… mas isso tem a ver com as características intrínsecas da cada qual e descobrir como as pessoas são… e não as revelamos por completo e/ou de forma definitiva ou totalmente/completamente exacta… mais que não seja porque as pessoas não se conhecem uma à outra em meia dúzia de conversas…
…Isso acontece, mais, na completa interacção possível entre elas….E aí reside a beleza e, simultaneamente, também a dificuldade (ou não) da questão…
…(ao contrário do que possas pensar) Tu não sabes tudo da vida, nina…por muito que tenhas aprendido muito nesse percurso…todas as pessoas aprendem e “crescem” com esse trajecto… Tu tiveste o teu e eu tive o meu….E continuamos a ter cada um o seu, que gostaria que tivesse partes comuns, mesmo que tu acredites que eu não o demonstre, ou queira, ou deseje, ou sei lá…
…E eu não desisto rápido das pessoas…mas também não me imponho a elas, C., nunca o fiz… assim como tu não vais mudar quem és (se não deixarias de ser tu, não é…?) e também não mudo para deixar de ser quem sou, como sou…
…Podendo e devendo, claro, existirem zonas de compromisso entre eles, dois seres não devem deixar de perder a sua individualidade (isso é uma das razões porque gosto tanto de gatos, por exemplo, a sua individualidade)…. Porém, é certo, que o que desejamos mais é o complemento de dois….Eu pelo menos sinto assim….E esse complemento de duas pessoas ligadas, na junção de duas almas diferentes mas querendo um mesmo objectivo em comunhão completa… Essa é a minha “zona de conforto”, rapariga, e não qualquer outra que congemines… E que pretendo, um dia, atingir de vez…
…Acredita também que já pisei alguns “ramos verdes” na minha vida….já tropecei neles, já cai deles, já me cortei neles… Afinal, assim como tu, era melhor que chegássemos aos “late forties”, sem saber e sentir isso na vida… Mas sempre me levantei depois das quedas, fossem de tipo emocional ou de que qualquer outro calibre fossem, mais depressa ou mais compassadamente, sacudi o pó e cicatrizadas as feridas, segui caminho…  
…O que fui aprendendo em relação aos “ramos” é que mesmo “verdes” existem aqueles que tem a possibilidade de “amadurecer” ou não…e aí passei a escolher se me quero “pendurar” nele ou não, avaliando se aguentam o meu “peso”…  
…Beijo, C.

(…chegou outra tua mensagem agora…
…são 15:10 horas…
…mesmo agora que te ia enviar esta…
…acabei de a ler…
…estou um bocado arrepiado e nem está frio…
…devíamos estar a escrever um para o outro ao mesmo tempo…coincidências…? )


03-10-2015
(versão trabalhada do original)
JP ® 




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