domingo, 29 de junho de 2014

…47…

Devia ter amado mais,
ter chorado mais,
ter visto o Sol nascer...
Devia ter arriscado mais,
e até errado mais,
ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceite
as pessoas tal como elas são.
Cada um sabe a alegria
e a dor que traz no coração.
Devia ter complicado menos,
trabalhado menos,
ter visto o pôr do sol...
Devia ter me importado menos,
com problemas pequenos,
ter morrido de amor...
Queria ter aceite
a vida tal como ela é.
A cada um cabe a alegria
e a tristeza que vier.
O acaso vai me proteger,
enquanto eu andar distraído.
(3x)
O acaso vai me proteger,
enquanto eu andar...
O acaso vai me proteger,
enquanto eu andar distraído.
(4x)
O acaso vai me proteger,
enquanto eu andar...
Devia ter amado mais,
ter chorado mais,
ter visto o Sol...

In “Epitáfio” – Tim 

(cover de um tema original dos Titãs)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

P’ra rir…ou sorrir… 027

…e pronto…

…o Unas até bem que tentou (com umas magnificas “ofertas”) convencer os ganeses a darem uma ajuda à malta, mas não surtiu grande efeito…

…e também não seria de esperar que os jogadores de Portugal fizessem muito melhor agora do que a desgraça que apresentaram nos jogos anteriores…
…e ainda não seria de ter muita esperança de quer norte-americanos, quer alemães se degladiassem no relvado, arriscando-se a perder um jogo onde um empate mútuo lhes daria um apuramento seguro…
…e, ainda assim, até sou de opinião que amanhã, quando regressarem a Portugal, a comitiva portuguesa poderia fazer uma escala rápida em Accra… e deixar lá as “prendas” que o Unas tentou impingir aos africanos…
…e se eles aceitassem o Meireles, o Bruno Alves e o Postiga (…o que, seriamente, duvido…), talvez os conseguíssemos apanhar distraídos e largar lá mais uns poucos…  como, por exemplo, o João Pereira e os seus pés que parecem dois tijolos, o Miguel Veloso e o seu cú-de-chumbo, o Hugo Almeida para servir de candeeiro de iluminação pública (mas com lâmpadas fundidas…), o Paulo Bento e toda a sua teimosa “tranquilidade”… e também, porque não ?, o “melhor jogador madeirense de todos os tempos”…  
sim… eu disse madeirense, não disse português… 

…e agora que já não temos Portugal no Mundial, vamos deixar-nos de contemplar a imensa dormência que foi a sua participação (…sério, participaram, não foi…?) e vamos sentar-nos na esplanada ou no sofá a ver os árbitros da FIFA levarem o Brasil ao colo para ganhar a “Copa” em casa…
duvidam…?  … "a ver vamos", como diz o cego…;)

sábado, 21 de junho de 2014

…sonhos roubados... (noite com a Gadú)

…hoje (…ontem, pois já passa da meia-noite e foi há poucas horas atrás…), tive o prazer de ver e ouvir de novo a Gadú ao vivo, quase três anos depois da minha primeira vez, agora num registo de envolvência diferente que só o mítico Coliseu dos Recreios transmite…  
…e tive a feliz surpresa de confirmar que ela continua poderosa na sua simplicidade e na força de suas letras, encaixadas em belas melodias…

…o lugar vazio ao meu lado na bancada, esse porém, já não posso sentir que fosse grande surpresa para mim… 
Video-clip de “Sonhos Roubados” – Maria Gadú
Cenas do filme "Sonhos Roubados" (2009), de Sandra Werneck,  (uma bela película de cinema, embora retratando uma dura realidade, que contém este tema na sua banda sonora).

Este clip, encontrei-o casualmente na net e “roubei-o” (rs) a Rita Queiroz… Segundo entendi, resultou de um trabalho que efectuou enquanto estudante de arte, na vertente de som e imagem, na Universidade Católica do Porto, editando, magnificamente, imagens do filme “Sonhos Roubados” sob o tema homónimo de Maria Gadú. Agradeço-lhe o belo trabalho que realizou e também o “empréstimo sem o saber” para este post…  Em relação ao filme original, apenas “ousei” acrescentar a legendagem…   



sábado, 14 de junho de 2014

…ainda acreditar… (… um quase poente, em tons de azul-escuro…)


…fim de tarde, lusco-fusco, quase noite na minha cidade…
…tronco nú, deitado na cama de rede, num de-cá-para-lá lânguido, na varanda da sala…
…fixo um ponto lá longe, no alto, entre as poucas nuvens…
…uma luz pequena e fugaz, quase invisível ao olhar…
…brilha ténue, entre o verde esperança e o cinzento quotidiano…
…sinto o ar quente que restou do dia e a brisa que quase nem sopra…
…o Verão parece que, finalmente, quer chegar em força…
…um cão ladra ao longe e a vizinha do 8º toca a vespertina melodia do costume no seu piano,  em compasso com as badaladas de hora certa numa igreja perto…
…fazem-me lembrar os toques das avé-marias, da minha infância passada com os meus avós, num espaço bucólico que ainda hoje existe mas que, de alguma forma, se perdeu… ou perdi um dia, ficando apenas na minha mente…
…e lá jazem como tantas outras (memórias)…e anseios…e esperanças…
…mas este suave, simples balanço faz também renascer, ressuscitar outras tantas (esperanças)…

JP ®
“Oscillate Wildly” – The Smiths

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Pérolas 063 (especial noite de lua cheia)

(…uma grandessíssima “malha” da minha juventude…)

I pictured a rainbow
You held in your hands
I had flashes
But you saw the plan
I wondered out in the world for years
While you just stayed in your room
I saw the crescent
You saw the whole of the moon!
The whole of the moon!

You were there at the turnstiles
With the wind at your heels
You stretched for the stars
And you know how it feels
To reach too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon!

I was grounded
While you filled the skies
I was dumbfounded by truths
You cut through lies
I saw the rain-dirty valley
You saw Brigadoon
I saw the crescent
You saw the whole of the moon!

I spoke about wings
You just flew
I wondered, I guessed, and I tried
You just knew
I sighed
But you swooned
I saw the crescent
You saw the whole of the moon!
The whole of the moon!

With a torch in your pocket
And the wind at your heels
You climbed on the ladder
And you know how it feels
To reach too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon!
The whole of the moon!

Unicorns and cannonballs,
Palaces and piers,
Trumpets, towers, and tenements,
Wide oceans full of tears,
Flag, rags, ferry boats,
Scimitars and scarves,
Every precious dream and vision
Underneath the stars

You climbed on the ladder
With the wind in your sails
You came like a comet
Blazing your trail
Too high
Too far
Too soon
You saw the whole of the moon!

In “The Whole of the Moon” – The Waterboys


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Pérolas 062

…dedicada a “quem me confunde, da cabeça aos pés”… :P

Teus sinais
Me confundem
Da cabeça aos pés
Mas por dentro
Eu te devoro,
Teu olhar
Não me diz exacto
Quem tu és
Mesmo assim
Eu te devoro...

Te devoraria
A qualquer preço,
Porque te ignoro,
Te conheço,
Quando chove ou
Quando faz frio,
Noutro plano
Te devoraria
Tal Caetano
A Leonardo DiCaprio...

É um milagre,
Tudo que Deus criou
Pensando em você,
Fez a via-láctea
Fez os dinossauros,
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu,
Sem contar os dias
Que me faz morrer,
Sem saber de ti
Jogado à solidão,
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!

Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você...

Viver, viver
Pra esperar você,
Quero viver
Pra esperar você,
Quero esperar você...

In “Eu te devoro” – Djavan




Pérolas 061


(…dedicada à Charito…)

hey you, I’m knocking at your door
hey you, they told me you were gone
but I ran
I ran so many miles
just like dust, I’ll wait and sit around

please come out or let me in
can you still just dance with me?
I’ll whistle our song

are you lost or locked away?
are you hiding like a secret?
I’ll find out where you are

hey you, I’m waiting at your door
hey you, you told me you were home
just like rain, you’re running down the stairs
and you move like wind across the floor

will your frail roof hold the storm
while you laugh and dance with me?
a twister growing strong

can I stay and hold you close?
let my long arms be your ceiling
my legs can be your walls

In “Tempest Girl” – At Freddy’s House


segunda-feira, 9 de junho de 2014

…a tripar dos ácidos…

…a tripar dos ácidos… 


…esta é a entrevista original concedida pela Sra. Presidente da Assembleia da República à RR…a tal entrevista dos “inconseguimentos”…

…e esta é versão  da mesma entrevista, na hilariante versão dos Bandex (ver mais em https://www.youtube.com/user/BandexVideos), que afinal se deve aproximar substancialmente mais do que realmente vai na cabeça desta “senhora”…
…pois é…deve ser na onda dos "cogumelos mágicos"...
…”inconseguimento”…”nível social-frustacional derivado da crise”…”espaços de energia para ser mais criativa”…”soft-power sagrado””… (esta tirada então é demais…rsrsrs)…
…esta “senhora” ocupa o cargo de Presidente da Assembleia da República (a segunda  figura do Estado Português, em termos hierárquicos), ex-deputada da mesma câmara legislativa; ex-juiz-conselheira do Tribunal Constitucional (e por via disso, “reformada” aos quarenta e dois -42- anos de idade e detentora de uma pensão de sete mil e duzentos e cinquenta e cinco euros -7255,00€- por dez -10- anos de “trabalho” naquele órgão de soberania), ex-deputada do Parlamento Europeu…  
…esta “senhora” desrespeita as pessoas que lhe permitiram depois de 25 de Abril de 1974 viver em liberdade e desrespeita os seus concidadãos que se manifestam na casa da democracia portuguesa, equiparando-os aos torturadores e carrascos nazis, citando descontextualizadamente Simone de Beauvoir…  …talvez, por tudo isso, fosse tempo de “atinar” e deixar de “pastilhar” ou dar nos ácidos…
…ou então é esta “senhora” que é mesmo assim…e confirma-se que estamos mesmo entregues à “bicharada”…  

JP ®

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Pérola especial para alguém especial

…esta é uma “pérola” dedicada uma pessoa muito especial, que tive o privilégio de acompanhar de muito perto, principalmente em determinado momento da minha vida, mas que ficou e está sempre “presente” ainda…
…alguém que observei na sua passagem de adolescente a homem, jovem adulto, e vendo nele destacarem-se qualidades como a inteligência, a solidariedade, a coragem, a perseverança, a grandeza de caracter, a amizade desinteressada, o amor…
…e tudo isto de forma a sair de si para o mundo de uma forma natural, discreta, porque nunca o vi “colocar-se em bicos dos pés” para fazer realçar as suas acções…  observei-as por mim ou porque outros me fizeram saber delas…   
…uma das suas características, que não me engano que tem e que aprecio mais, é a de acreditar na felicidade e ter feito por procurá-la, fosse em que lugar fosse deste mundo… e com o seu coração enorme (que tantas vezes “esconde”…rs), acreditou encontrá-la e realizou, baseado nela, o sonho de ser feliz…
…mas nem sempre o nosso coração bate em consonância, no mesmo ritmo, na mesma cadência com aquele alguém que julgamos repartir esses impulsos do lado esquerdo do peito, e na mente, e na alma…
…e quem tem um coração enorme, como é o caso, sofre em dobro…
…a “pérola” que, na impossibilidade de melhor, lhe oferto no dia do seu 27º aniversário, é um tema de que gosto bastante… e a mensagem que com ela lhe transmito (se é que eu sou alguém indicado para o fazer) é a de que a vida é feita de muitas voltas, tantas como aquelas que o mundo já deu, está a dar e dará no futuro… e também o desejo  de que continue (…que sei que continua…) a acreditar nos sonhos e projectos que tem (e concretiza) para a sua vida … porque aquela pontinha de felicidade que agora lhe pode faltar, de certeza que a vai encontrar lá mais à frente…
…porque às pessoas intrinsecamente boas, inevitavelmente, as coisas boas irão ao seu encontro… muitas vezes quando menos se espera…
…e que também, como ele sabe, mesmo à distância de horas e quilómetros, existe muita gente que “faz força” para que isso aconteça rápida e efectivamente…

…feliz aniversário, Adriano… com muita paz, saúde e prosperidade…
…um grande abraço, puto…
 JP

Another turning point
A fork stuck in the road

Time grabs you by the wrist
Directs you where to go

So make the best of this test
And don't ask why

It's not a question
But a lesson learned in time

It's something unpredictable
But in the end it's right
I hope you had the time of your life

So take the photographs
And still frames in your mind

Hang it on a shelf
Of good health and good time

Tattoos of memories
And dead skin on trial

For what it's worth
It was worth all the while

It's something unpredictable
But in the end it's right
I hope you had the time of your life

It's something unpredictable
But in the end it's right
I hope you had the time of your life

It's something unpredictable
But in the end it's right
I hope you had the time of your life


In “Good Riddance (Time Of Your Life)” – Green Day

Poesia para os olhos 015

Mtooooooooooooooooooooo sensual…
Cote De Pablo 
(aka Ziva David, da série televisiva NCIS)

Pérolas 060


I love… I love… I love the end of the afternoon
It makes me think of you...

Eu amo a tarde
O final da tarde
As coisas ficam mais soltas
As coisas ficam mais soltas
Os sorrisos mais altos
As cores das coisas ficam
As coisas ficam mais outras
Soltas… no final da tarde
Os beijos ficam mais húmidos
Os lápis mais rápidos
As telhas mais frias, o fim se inicia
E o gado fica mais calmo
As dores ficam mais mornas
E os amores mais… mais… mais absolutos
No final da tarde eu amo a tarde
E os saltos dos sapatos ficam mais altos
E os dedos dos soldados abrem as ruas
E as palavras de dentro ficam fora
E o centro onde eu moro vira norte
E as almas das pessoas ficam nuas
E a vontade das vontades é te ver
E a vontade das vontades é te ter
No final da tarde eu amo a tarde
As coisas ficam mais soltas
Os sorrisos mais altos as cores das coisas
Ficam soltas…
I want to see you… I want to see you… I want to see you now
Cause I think of you in the end of the afternoon
I love the end of the afternoon...

Soltas, soltas, soltas… as dores ficam mais mornas
E os amores mais, mais absolutos…
E o gado fica mais calmo
E a vontade das vontades é te ver…
E a vontade das vontades é te ter…

I love the end of the afternoon…
As cores ficam mais outras, eu amo a tarde…
As coisas ficam mais soltas, ir além da tarde…
To see you… no final da tarde…ir além…enjoy it…
In “Afternoon” – Ive Mendes



                                                                                                 JP ®

domingo, 1 de junho de 2014

P’ra rir…ou sorrir… 026


P’ra rir…ou sorrir… 025

…Spkie meets the new Mini…








(…muito bom…rsrs…)


“Bullheaded: Spkie meets the new Mini” - TV commercial


 
“Bullheaded: Spkie meets the new Mini” - The making of




P’ra rir…ou sorrir… 024

… extracto isolado duma conversa de duas senhoras, sentadas ao lado uma da outra, costas-com-costas em relação a mim, nos bancos do metropolitano…  vou a (re)ler o 2º volume das “Crónicas da Boca do Inferno” do RAP, durante uma paragem um pouco mais demorada entre estações, ouço uma a dizer:
- …e depois ela também me disse que ele é bom na cama…
- bom na cama…? – pergunta a outra, com um tremor de curiosidade na voz…
- sim – confirma a primeira – não ressona….!

(…não é anedota mas parece…aconteceu-me a semana passada…rs)

…66% de democratas…

…nariz espetado contra a vidraça da janela da sala num res-do-chão da Rua Maria Pia, em Lisboa, em bicos dos pés em cima do pequeno banco de cozinha rectangular (que ainda hoje existe algures)…  a ver a estação ferroviária de Alcântara-Terra do outro lado da rua, um chaimite (…maquineta esquisita de que nunca tinha visto ou ouvido falar…) a subir rua acima na direcção da Tapada das Necessidades, outro a descer (talvez o mesmo) passados poucos minutos direito à Rua Prior do Crato, duas centenas de metros mais abaixo… 
…assim estava eu, quase a fazer sete anos de idade, naquele meio de tarde de uma quinta-feira de Abril, dia 25…
…de manhã já algo fora do comum tinha acontecido: não tinha havido escola e, se bem me lembro, a minha mãe não fora trabalhar…
...até ao meio-dia, as horas correram normalmente, embora estranhasse o entra e sai de alguns vizinhos de casa para casa no prédio, as conversas expectantes dos adultos em redor da telefonia da cozinha, o silêncio na sala de cortinas cerradas, onde amiúde alguém espreitava lá para fora, perscrutando algo que eu não entendia o quê…
…grande novidade parecia andar lá fora, mas a mim a que me interessava mais estava até estava ali em casa e era o meu irmão, bebé a um mês de fazer um ano de vida… e que eu “encomendara” à minha mãe, cerca de um ou dois anos antes, porque “queria um mano para jogar à bola”… e a quem eu tinha escolhido o nome quando, no vai-vem de um baloiço no saudoso Parque do Alvito, ouvi uma senhora a chamar o filho que estava ao meu lado… a fonética agradou-me e diz a minha mãe que fui, a correr, ter com ela: “oh Mãe, quando o mano nascer chama-se Nuno, tá bem...?”    
…e a “mudança” lá fora aconteceu, nesse dia, transformando de uma forma ou de outra e com mais ou menos intensidade, a vida das pessoas…
…deste dia em si, pouco mais me lembro… na altura, estava a poucos dias de mudar de casa (de Alcântara para uma casa “mesmo nossa” nos Olivais) e também andava um bocado tristinho porque ia deixar de ver a Tininha, a minha “namorada” (a primeira de que me lembro…rsrs) que vivia no andar de cima…lembro-me que ela devia ter mais ou menos a minha idade, tinha os olhos grandes,  um cabelo muito preto, onde por vezes usava “totós”,  uma irmãzita a quem chamavam Gaby e de que eu tinha um rival no que respeitava “aos favores do seu coração” que era o Paulinho, que morava (amiúde) com os avós, no ultimo andar do prédio…
…do 1º de Maio já me recordo com mais nitidez… muita gente na rua, avenidas cheias, muitas cores, muita alegria nos rostos e nas vozes, muitos cartazes e bandeiras… e os dos tempos seguintes (sonhadores, idealistas e também conturbados e difíceis, em certas facetas) também me saltam com mais facilidade no baú da memória, até porque vivi o 11 de Março e o 25 de Novembro de 1975, bem no centro de um dos palcos de cada um deles, agora que morava noutro bairro, onde também por força da liberdade recém-reconquistada, as pessoas eram bastante mais expansivas e interventivas, social e politicamente…
…nestes anos entretanto passados, fui crescendo gradualmente, também em consciência “social e política”, e atingi (e ultrapassei) os 40 anos, tal como a revolução que agora os completou…
…e mesmo não tempo vivido tão profundamente ou consciente como muitos (também por força da minha idade) os tempos e as incidências que antecederam o 25 de Abril, na minha opinião tudo resultou numa enorme desilusão, passados então estes anos até se atingir a “maturidade dos 40 anos em democracia” …
…e se eu o sinto assim, imagino como se sentiram todos os que fizeram tanto e a tanto custo para se reganhar a liberdade e todas os ideias a ela associados numa vida em sociedade…
…além de todos os heróis anónimos dos nossos ditos “dias de luta contra a ditadura e dias de democracia pós-25 de Abril” e fazendo um balanço de tudo de bom ou de mau que passou nos 40 anos que rolaram até hoje, restam poucos e poucos são os que vêm à mente como sendo pessoas  que me merecem respeito por mostrarem integridade, verticalidade e honestidade intelectual e cívica: Ernesto Melo Antunes, Fernando Salgueiro Maia, António Ramalho Eanes, Francisco Salgado Zenha e, até mesmo, Álvaro Cunhal, mesmo com uma teimosia brutal, mas sempre coerente (porque acreditava de facto numa ideologia politica) até ao fim dos seus dias… mas, enfim, até compreensível, porque é difícil um homem da sua geração que sempre acreditou e lutou uma vida inteira tendo por base uma ideologia política e um modelo de sociedade, ver num ápice temporal de poucos anos, o mundo gritar-lhe na cara (nomeadamente os países, até aí arquétipos da sua filosofia politica), que afinal estava tudo errado e que tudo era apenas imensa utopia…    (…o meu avô paterno, também sempre acreditou desde pequeno que o que vê na lua olhando cá de baixo é “um homem com um molho de silvas às costas”, logo não havia forma de o convencer que os americanos tinham mandado homens para andar por lá…rsrs)
…olhando para tudo o que resta desde então: ou são os mesmos de sempre e em todos os quadrantes (…grandes “democratas”, essencialmente para eles mesmos, que até hoje, alguns mesmo quase esclerosados, gravitam os centros de poder e decisão…e daí sempre colhem os seus frutos, directa ou indirectamente); ou são os que os sucederam e os “filhos” destes, duas sucessivas gerações de jotinhas dos vários partidos políticos, que, falando em bom português, nunca fizeram a “ponta d’um corno” ou “vergaram a mola” e que tomando por “verdadeira” carreira profissional a política, nos vão “empalando” devagarinho e outros prepararam-se nas “universidades de verão” para nos fazer o mesmo lá mais para a frente… 
…será esta uma das razões essenciais pelas quais já deixei de ir votar há bastantes anos… votei pela 1ª vez em 1986, numas eleições presidenciais em que votei em Salgado Zenha, por me parecer uma pessoa séria e diferente no seu tipo de discurso, que se quedou pela 1ª volta, talvez pelo estigma de ter o PCP a apoiá-lo, após desistência do seu candidato… na 2ª volta dessas eleições, havendo dois outros candidatos, votei no maior “pardal pançudo” de Portugal chamado Mário Soares… (e bem depressa me arrependi…), até porque Freitas do Amaral me inspirava tudo menos confiança, com aquele sorriso plástico…(mil vezes preferia o Eanes, mesmo sem sequer sorrir…)
…e quem se lembra dos mimos com que se brindavam um ao outro nessa campanha, não pode deixar de sorrir sarcasticamente vendo-os hoje, desfazendo em elogios mútuos e caindo nos braços um do outro…
…depois disso, votei em duas eleições legislativas, duas eleições autárquicas e uma vez em eleições europeia (as 1ªs que houveram…)
…e depois…fartei-me de engolir tretas de políticos…de todos eles…
…no dia seguinte às ultimas eleições europeias, após jantar, sentado placidamente no sofá da sala, a tomar o meu café e a fumar o meu cigarro, sai-me TV fora o sr. Miguel Sousa Tavares, “eminente comentador político/social”, indignadíssimo (na esteira de outros) com os níveis de abstenção (na ordem dos 66% em Portugal, com níveis similares pela Europa Europeia fora)… 
…zurzindo na cidadania de cada um dos abstencionistas, colocou a questão de saber a breve trecho se os portugueses queriam “saber” viver em democracia, exercendo o seu direito (ressalvo a palavra “direito” e não obrigação, tenha-se em atenção) ou se seria melhor viverem noutro sistema de governação, reduzindo-os a pouco mais de irresponsáveis ou acéfalos…
…ora, ou o senhor doutor deve andar muito distraído e faz-se de sonso, senão diga-me francamente: acha que, já há vários anos a esta parte, em Portugal (e analisando em consciência o estado geral da nossa sociedade) se vive verdadeiramente em democracia…?
…eu gosta de viver numa democracia, porque apesar de algo utópica é uma “ideia” bonita… mas isso não acontece, logo como “adepto” da democracia, não voto, sr Miguel…
…eu não fui votar (nem vislumbro, tão cedo, vontade ou razões para entregar o meu voto a qualquer das propostas “democráticas" que me são apresentadas) e se o sr. Sousa Tavares o foi fazer e o faz regularmente, não o faz mais cidadão que eu por causa disso…
…eu trabalho (e muito), ele também deve trabalhar; ele deve ter livre arbítrio e deve respeitar o meu; eu não tenho dívidas a particulares ou ao Estado e cumpro as minhas obrigações fiscais, acho que também este senhor deve estar na mesma situação … se bem que, quase de certeza, eu pago proporcionalmente mais impostos como funcionário público do que o senhor Miguel colectado provavelmente com jornalista (pois…),ou  escritor (rsrs…),ou  filho dilecto de quem  é, ou “eminente comentador político/social” (“cagador de sentenças”, em linguagem mais gráfica)…
…assim sendo, sou tão cidadão como este senhor, que tão ciente dos seus valores que defende (como os direitos dos fumadores, as touradas ou o acordo ortográfico – concordando eu com o seu ponto de vista  nuns e discordando completamente de outros), deveria igualmente respeitar as opções dos seus concidadãos… até porque esse é, ao que julgo saber, um dos pilares da democracia…certo…?
…em alternativa, e no sentido de fazer reverter os números da abstenção que tanto incomodam o sr. Sousa Tavares e outros, não seria descabido se calhar fazer uns sorteios de uns automóveis topo-de-gama entre os votantes….ou então, o sr. Miguel ele próprio se candidatar a qualquer cargo político numa qualquer lista partidária…
…afinal de contas, se o Dr. Marinho e Pinto foi, neste último 25 de Maio, eleito para o parlamento europeu e os brasileiros elegeram o palhaço Tiririca para deputado federal, pode ser que você se safe também…
***
PS (salvo seja, cruzes canhoto…rsrs…leia-se “post scriptum”), em adenda ao post supra:
No dia 30 de Maio, o sr. Presidente da República, Prof. Dr. Cavaco Silva, criticou igualmente a elevada abstenção, replicando as considerações que já tinha formulado em Junho de 2009 (anteriores eleições europeias), nomeadamente esta “pérola”:
“…a abstenção deve fazer reflectir os agentes políticos, já que a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções…”
…vinda de quem vem (que tendo estado onde já esteve no passado e estando onde está hoje), acho que a afirmação nem merece comentários… ou então apenas constatar que, afinal, ainda antes e tal como no Brasil, já elegemos “palhaços”…e alguns mais que uma vez….

JP ®


nimas 003 ...4...

...a ver o filme "Fantastic Four" no "Fox Movies HD"... 
(...não faz jus aos comics originais, mas dá para curtir...)

"Fantastic Four" (2005), de Tim Story, com Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis e Julian McMahon