…Embora já a tivesse ouvido,
num tema ou outro, tocado isolado na rádio, Elis entrou verdadeiramente na
minha vida no um ano após a sua morte física…
…e entrou em força e por
inteiro, como um arrastão, um repelão, um choque violento na forma de uma box (emprestada,
a pedido, pelo meu amigo Luis A., amigo de infância e lagartão dos bons) com
quatro discos de vinyl, editada originalmente em 1982 no Brasil com o label da
Philips…
…com o seu nome completo
(Elis Regina Carvalho da Costa) bem de chofre no topo da caixa e com um retrato
seu pintado na tampa (curiosamente com um penteado mais voluptuoso – bem
diferente daquele que mais se tornou icónico da “Pimentinha” – e um ar de
glamour quase divino), os quatro registos condensavam praticamente o essencial
da sua carreira, em temas que ouvi, ouvi, ouvi…e tornei a ouvir, ouvir, ouvir…
(e que gravei em duas cassetes de 90 minutos da BASF, que não faço ideia onde estarão)…
…esta colectânea chamava-se “Por
Um Amor Maior” (também o nome de um tema dela) e mesmo não o tendo no meu
acervo de vinys, sempre foi para mim (por todos os motivos) uma gravação de
referência, pois veio a permitir descobrir uma das vozes mais belas e poderosas
que já ouvi e, infelizmente, uma das intérpretes que adorava ter visto actuar
ao vivo e nunca, por motivos óbvios, o pude fazer…
…com o passar dos anos, fui
conhecendo, saboreando, compreendendo cada vez mais e melhor a sua obra e a sua
vida, colocando-a bem no topo e num lugar muito especial das minhas intérpretes
favoritas…
…daí que fiquei muito expectante
com a estreia (em Portugal, em 2017) do seu “biopic” lançado em 2016 em terras
de Vera Cruz, com a realização de Hugo Prata, um rapaz da minha idade e pioneiro
da MTV no Brasil (duas boas referências…rsrs)…
…com Andréia Horta (…coisa
mais lindinha!...) no papel da gaúchinha irreverente, o filme não me desiludiu
(longe disso), mas a vida da Elis foi tão cheia e tão intensa que merecia que
fosse um épico de quatro horas…foram quase duas horas de fita e já foi muito
bom, com os olhos (e os ouvidos) presos ao écran duma sala do Monumental
(talvez o meu cinema preferido em Lisboa – e que nostalgia tenho eu do extinto Quarteto
dos primeiros anos e do também finado Londres – frequentado por público que ali
vai para ver cinema de qualidade e não para falar ao telemóvel, comer pipocas e
beber colas)...