sábado, 7 de outubro de 2017

Poesia para os olhos 042 - Vivian Maier

Vivian Maier - circa 1958

(01-02-1926-New York – 21-04-2009-Chicago)

…sempre gostei muito de fotografia e, por indicação de alguém, vim a descobrir, há alguns anos, uma maravilha escondida chamada Vivian Maier, a sua estória de vida algo surpreendente e a sua arte entretanto saída do anonimato…
…por preguiça (rsrs) mas não por falta de vontade, optei por “roubar” (…com os meus agradecimentos…) um texto que encontrei por acaso e que foi publicado no LinkedIn, há pouco mais de um ano, por Nathâne Jurowitz (fotógrafa brasileira, de São Vicente – São Paulo, no Brasil) e que retrata a “descobrimento” de Vivian Maier, uma fotógrafa da realidade bem à frente do seu tempo…

Self-Portrait, May 5th, 1955

(…apesar de me fazer um bocado de “urticária linguística” ao chamado “português do Brasil” no seu registo escrito, optei por manter completamente integral todo o texto, essencialmente por respeito à autora…)

Vivian Maier: a história por trás da caixa.
Nova-iorquina, de origem francesa, sem marido, sem filhos, apenas crianças para cuidar. Essa era a vida da Srta. Maier, que foi babá de famílias de Chicago e Nova Iorque por mais de 40 anos (nunca muito longe do centro, onde sua obra se construiu).
Em 2007, John Mallof, durante uma pesquisa de material para um livro sobre a região de Portage ParkChicago, adquiriu numa casa de leilões num lance de U$400, uma caixa com cerca de 30 mil negativos e 1.600 rolos de filmes ainda não revelados, sabendo apenas que se tratava de fotografias da década 1960. Ao descobrir que aquelas imagens não serviriam para o seu projeto, deixou a caixa de lado por meses.
Quando decidiu olhar mais afundo o que continha na caixa, descobriu um envelope com um nome escrito “Vivian Maier”, daí em diante começou uma busca contínua por quem era a fotógrafa por trás da caixa e o interesse pela arte da fotografia.
O único rastro que Maloof encontrou sobre a tal mulher foi uma nota no obituário do “Chicago Tribune”, dois anos depois do inicio de sua pesquisa. Descobriu então dos Gensburg, os três irmãos de qual a Srta. Maier fora babá por 17 longos anos, a maior parte da história de Vivian.

“Vivian Maier, de origem francesa e moradora de Chicago nos últimos 50 anos, faleceu em paz na segunda-feira. Segunda mãe para John, Lane e Matthew, seu espírito livre tocou magicamente todos que a conheceram.” (Chicago Tribune, 2009)

Passou a infância na pequena comunidade de Saint-Julien-Champsaur, França, junto à família materna devido à separação dos pais quando ainda era um bebê, sabe-se que lá, já fotografava com sua Kodak Brownie, uma câmera amadora e rústica, mas que estranhamente, já sabia muito bem como manejá-la. Voltou para os Estados Unidos aos 25 anos, em 1951, onde começou seu trabalho como babá, carreira essa que levou para o resto de sua vida, por anos a fio.
Acredita-se que quem ensinou dessa arte à Vivian tenha sido a fotógrafa e amiga da mãe da garota, Jeanne Bertrand, que chegou a viver com as duas em 1930. Bertrand foi apontada no The Boston Globe, em 1905, como uma das fotógrafas mais eminentes do estado de Connecticut.
Maier fotografava as ruas das cidades de Chicago, Nova Iorque e Los Angeles, por onde passou com várias famílias. Em 1952, adquiriu sua famosa Rolleiflex, a qual não tirava do peito em seus passeios com as crianças, as únicas que a viam fotografar, era um segredo apenas deles.
Já em 1956, mudou-se para North Shore em Chicago com a família que se tornou a mais próxima dela para resto da vida, foi lá onde deu início a suas primeiras impressões. Montou uma câmara escura em seu banheiro e começou a revelar os rolos preto e branco que já tinha feito. Mas ao passar dos anos, era obrigada a mudar de família a família, e seus trabalhos iam ficando para trás, guardados em caixas, milhares de rolos, estes milhares que hoje trazem grandes sensações aos que apreciam sua obra.
Maier também teve sua fase colorida, adquiriu uma Leica IIIc e várias outras de origem alemã. Mas com o tempo, novamente, estas também foram ficando de lado, não só pela mudança de famílias, mas por conta de que Vivian começou a passar por dificuldades financeiras. Na década de 1990 a família a que se tornou próxima lhe ajudou a pagar um apartamento, mas logo as dividas o consumiram, e em 2007 seu acervo foi parar em uma casa de leilões.
Era uma mulher viajada, entre os anos de 1951 – 1965, viajara sozinha para vários destinos. Canadá, America do Sul, Oriente Médio, Europa, Ásia, Caribe e Flórida. Sempre com sua câmera, fotografando os mais pobres, os bêbados, as coisas que encontrava jogadas nas latas de lixo, e também uma serie de autorretratos, onde se colocava em sombras, espelhos e pequenos reflexos, mostrando seu dia a dia.
Vivian Maier era discreta, com suas roupas masculinas de tons escuros, seu cabelo curto e sua fisionomia fechada. Não gostava de chamar atenção, gostava apenas de pegar um momento de desatenção das pessoas, um momento especial de cada um, um olhar, um sentimento, talvez aquilo que ela gostaria de sentir.
No inverno de 2008, Maier caiu sobre um pedaço de gelo e bateu cabeça, foi internada e tinha certeza de recuperação, mas com o tempo sua saúde foi piorando e ela foi levada a um lar de idosos. Em abril de 2009, veio a falecer aos 83 anos, ainda em anonimato.
Maloof coletou todas as informações e a tirou desse anonimato com suas mensagens no flickr e as fotos que começou a colocar na internet. Hoje já existem três livros sobre a obra desta grande artista: Vivian Maier: Street Photographer, Vivian Maier: Selfie-Portraits, Vivian Maier: A Photographer Found.
E ainda há milhares de fotografias a serem descobertas em seus arquivos ainda não desvendados, sentimentos, formas e cores ocultas que um dia transpareceram a pessoa que Vivian Maier era, um espírito livre, uma conselheira, uma amiga, e uma fotógrafa incrível.

(texto publicado por Nathâne Jurowitz, em 19-09-2016, no LinkedIn)

Trailer de ''Finding Vivian Maier'', de John Maloof & Charlie Siskel (2013)
(documentário sobre Vivian Maier, vencedor de vários prémios, incluindo o Óscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem e o Prémio BAFTA para Melhor Documentário, ambos em 2015

1954. New York, NY

1954. New York, NY

1956

1957. Florida

1959. France

1959. Grenoble, France

1959. Saigon, Vietnam

1963. Chicago, IL

1963. Seminole, Florida

1979

April 26, 1956

August 16, 1956. Chicago, IL

August 22, 1956. Chicago, IL

Chicago, 1973

Chicago, IL

December 1962. Chicago, IL

January 1956

January, 1953. New York, NY

July 4, 1959. Kochi, India

July 1957. Chicago Suburb, IL

June 27, 1959. Asia

March 1954. New York, NY

May 23, 1959. Hong Kong, China

New York, NY

New York, NY

New York, NY

New York, NY

October 29, 1953. New York, NY

Self-Portrait, 1959

Self-Portrait, 1963

Self-Portrait; October 18, 1953, New York, NY

September 3, 1954. New York, NY

September 18, 1962

Undated

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Undated

Undated

...ou simplesmente pesquisar Vivian Maier (imagens) no Google, 
para descobrir mais tesouros em forma de instantâneos fotográficos...




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