terça-feira, 3 de outubro de 2017

...Sóc Català ...


...confesso que não conheço a um fundo todas as razões para o povo da Catalunha querer ser (de novo) independente... sempre foi para mim, no entanto, um povo que admiro que pelo seu orgulho, pela sua identidade, pela sua força, pela sua diferença...neste contexto e posto isto, e por todas as razões que possam ser defendidas quer pelo governo autónomo da Catalunha para realizar um referendo para determinar a sua independência e por todas as razões que, também, possam assistir ao governo central do Reino de Espanha para, a coberto da "legalidade democrática" (talvez a coberto de a Catalunha valer cerca de 20% do PIB do estado espanhol), considerar tal acto ilegal, nada justifica a vergonhosa actuação das forças policiais do governo de Madrid (agora, muito apropriadamente, apelidados de "filhos de Franco" pelos manifestantes catalães) por todo o território catalão...as palavras de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol e de Soraya Sáenz de Santamaria, vice-presidente do governo espanhol, são completamente autistas, cobardes, mentirosas e criminosas, perante uma realidade que nos entrou selvaticamente pelos olhos dentro...e o silêncio ensurdecedor e a brutal indiferença de Filipe VI em relação à atitude facínora das autoridades policiais espanholas contra os seus súbditos catalães é reflexo de tiques mais próximos de um qualquer Bashar al-Assad ibérico...nunca tomei qualquer partido por esta questão, até porque estou distante dela (sou português e com orgulho, apesar de alguns dos meus compatriotas, essencialmente políticos, me envergonharem e me meterem asco profundo)...porém, neste momento, solidário e amante de o ser humano poder decidir o seu destino e os povos determinarem as suas escolhas, tenho que dizer também eu, hoje, também sou catalão...


01-10-2017 - O dia que a Catalunha não vai esquecer

O dia do referendo começou logo de madrugada, com muitos catalães a pernoitar nos locais de voto para garantir que tudo estaria pronto para receber os votantes, e iniciou-se com as imagens de filas e filas de cidadãos à porta das mesas de voto. No entanto, foram as imagens das cargas policiais aquelas que correram o mundo. Urnas de voto a serem arrancadas das mãos de voluntários e eleitores, jovens e idosos, a serem empurrados e arrastados para fora de locais onde se realizava a votação. As autoridades catalãs asseguram que mais de 800 pessoas ficaram feridas. Mesmo assim, votou-se na Catalunha. Segundo os dados divulgados pela Generalitat, contabilizaram-se 2.262.424 boletins de voto, sendo que 90% dos votantes respondeu "sim" à pergunta "Quer que a Catalunha seja um Estado independente em forma de república?". Numa declaração proferida ao final do dia, o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy defendia que este domingo "não houve referendo sobre a autodeterminação da Catalunha". Por seu lado, Carles Puidgemont, presidente do governo regional da região, afirmava que a "Catalunha ganhou muitos referendos" porque os catalães ganharam o "direito a ser ouvidos, respeitados e reconhecidos". A certeza é uma só: este será um dia que a Catalunha não conseguirá esquecer tão depressa.  

In “Publico on-line”, 02-10-2017



























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