
…lento, ermo
e solitário…
…assim corre
o tempo, quotidianamente, frequentemente sem distinção de hora ou dia…
…como um
cobertor húmido que envolve o corpo e deixa os sentidos dormentes…
…um sucessivo
e lânguido pestanejar, olhar fito em nada, porque o nada do vazio é o que está
na frente dos olhos, em duas dicotomias de cor: cinzento claro e cinzento
escuro…
…uma linha
frágil que se percorre em passos ténues, por vezes sem destino certo ou
aparente…
…uma ferida
que teima em não cicatrizar, que intensifica a dor a cada reabertura…
…um silêncio
sem palavras que está sempre presente, mesmo no meio do ruído dos outros e do
mundo…
…um tropeçar casual
em prazeres fúteis e efémeros…
…um contínuo
e monótono pingar das gotas de chuva, caídas de qualquer beiral…
…um tédio
abismal em relação a quase tudo…
…uma constante sucessão de traços de linha
divisória, marcados no alcatrão de qualquer estrada perdida no meio de nenhures…
…um eterno
mergulho em água suja, com sensação de afogamento, que se faz por afastar…
…uma
caminhada arrastada no meio de um pântano ou uma corrida em ímpetos, avançando contra uma
tempestade de chuva e vento que teima em não cessar…
…um imenso e
desgastante caminho em busca de um qualquer arco-iris que sempre desvanece cada
vez que parece ao alcance das mãos…
…uma vereda ingreme
em direcção a lugar nenhum…
…apenas inspiração e
expiração, enfim…
JP ®
“No Surprises” – Radiohead
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