quarta-feira, 1 de novembro de 2017

…31 (crimes) e outros fados…



…finalmente (e pecando por tardio), aconteceu o que era inevitável e à vista de quem quisesse ver …José Sócrates foi acusado de 31 crimes por si praticados, entre eles o de corrupção passiva de titular de cargo político…(no caso Freeport, passou-lhe ao lado o que lhe aconteceu agora essencialmente por duas razões: um Procurador-Geral da República (Pinto Monteiro, o homem de Porto d’Obelha), “amigo” tal como outros que tem na vida (embora nenhum consiga ser mais do que Carlos Santos Silva nesse parâmetro) que lhe facilitou a vida e também porque os procuradores da república titulares do inquérito-crime em questão basicamente não estiveram para se chatear e também porque lhes faltou algo “no meio das pernas” (…e não estou a falar dos joelhos…)   

…acabou por ser também a revelação da teia de poder e influência que envolve directamente mas de forma mais ou menos encoberta (para quem assim quiser não ver as coisas como elas são, até porque é quase transparente) a politica e os interesses financeiros (logo os seus vários intervenientes, veja-se neste caso José Sócrates, Armando Vara, Henrique Granadeiro, Ricardo Salgado, Zeinal Bava, etc) em Portugal…


…este tipo de relação sombriamente simbiótica é algo que aconteceu no passado, acontece neste momento e acontecerá no futuro, não se tenha ilusões do contrário… se em ocasiões anteriores não se chegou a este ponto concreto (despacho de acusação, após investigação duradoura) em relação aos arguidos da dita “Operação Marquês”, foi talvez porque mais inércia e comprometimento de quem devia investigar, porque tocar em alguém muito acima podia chamuscar quem o fizesse e também porque desta vez acho que o principal actor desta comédia (o sr. Pinto de Sousa) deu tanta bandeira que era impossível ficar impassível… 


…e tal aconteceu também porque alguém teve coragem para avançar com isso mesmo…investigar ilícitos criminais independentemente de quem sejam os suspeitos…
…e não se venha agora, como faz muita comunicação social e vários comentadores mediáticos, cantar aleluias e exaltar hossanas pela actuação do Ministério Público, personalizando-a na pessoa da Procuradora-Geral da República…é mentira, puro engano e apenas revela que a Dra. Joana Marques Vidal tem o que se chama “muito boa imprensa”…mas também diga-se que não é nada de admirar, atento o facto de os jornalistas serem a prioridade da sra. Conselheira no que toca a divulgar os despachos finais que “saem” do DCIAP…
…já não sendo caso “virgem” (e tornando-se cada vez mais recorrente) veja-se o que sucedeu no caso em apreço…quando foi proferido o despacho final deste processo, a prioridade que foi dada (por ordens superiores: leia-se PGR, via Director do DCIAP) em termos de notificações da mesma, ou seja, ser dado conhecimento formal e oficial da mesmo, foi (…pasme-se…ou talvez não) de que em primeiro lugar fossem imediatamente notificados os assistentes (essencialmente jornalistas de diversos jornais e canais televisivos) e os advogados dos arguidos… actuação esta que perverte (para dizer o mínimo) o plasmado no artº 113º do Código do Processo Penal, no que concerne às regras gerais da notificação, onde (a serem localizáveis, conforme é replicado por acórdãos de tribunais superiores) consta que os arguidos são os principais e prioritários intervenientes do processo a serem notificados das decisões ali dadas e que lhe digam directamente respeito (neste caso o despacho final de acusação)…
…foi isto que sucedeu, em termos de procedimento correcto?...não…mas manda quem pode e cumpre quem deve...(se é que me faço entender...)
…alguém da comunicação social, tão atenta, mencionou algo de tal facto?...claro que não, colidia com as suas necessidades em “divulgar a noticia” a coberto do “interesse público” e tinham o que mais queriam nas suas mãos…
…deram por isso os srs. advogados do sr. Pinto de Sousa, que tanta verborreia verbal disparam para o ar e tantos disparates escrevem dos vários recursos interpostos?...não, deviam estar distraídos e preparar mais alarvidades escritas ou faladas…
...voltando à investigação e ao seu desenlace final e ao facto de a sra. Procuradora-Geral da República ser colocada agora (por oposição ao chamado “arquivador-mor” que foi Pinto Monteiro) como impulsionadora de novo paradigma na actuação do Mº Pº neste caso e em similares, reitero que isso (e em relação a este caso concreto) é uma completa e imensa falácia… se porventura saíram noticias na comunicação social que mencionavam todo o apoio da sra. Conselheira à investigação em curso, nomeadamente pelos diversos “adiamentos” (outra treta: no mesmo departamento, já existiram vários processos mais extensos no tempo de investigação que este) concedidos para a finalização do inquérito, o certo é que a atitude nunca foi de muita colaboração, antes foi de pressão constante (pessoalmente e/ou através do Director do DCIAP, conveniente “homem-de-mão”, terceira ou quarta escolha para tal cargo após várias recusas de quem não o queria ser) e uma posição de completo desconhecimento das vicissitudes e extrema complexidade que uma investigação do género acarreta e exige (esta atitude foi algo que não transpirou para o exterior, talvez na base do bom relacionamento da PGR com a comunicação social)…
…o produto final desta investigação (seja o que lá vir a resultar ou não, sendo que acarretou muito esforço e dedicação a diversos níveis, sempre com muitas contrariedades, mesmo dentro da própria casa) apenas tem os seus únicos e verdadeiros responsáveis em Jorge Rosário Teixeira, Procurador da República do DCIAP, e em todas as pessoas (em diversos quadrantes) que ao longo dos anos trabalharam consigo no inquérito…
…e, ao que consta, a preocupação maior da Sra. Procuradora-Geral da República neste capítulo final da investigação, foi assegurar os serviços de uma designer gráfica para que o despacho final da denominada “Operação Marquês” saísse com uma “letra bonitinha”…


…pouco tempo depois da saída do despacho final de acusação, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, um eterno e recalcado provinciano que aprendeu a vestir Dolce & Gabanna e que um dia se tornou primeiro-ministro de Portugal, deu a sua primeira entrevista após ter sido formalmente acusado de (entre outros crimes) corrupção passiva de titular de cargo político…
…o entrevistador da RTP, Vitor Gonçalves, é fraquinho, sempre foi, a julgar por todas as entrevistas do género que conduziu na rubrica “Grande Entrevista”…sempre pouco incisivo e “submisso” para com os entrevistados…desta vez, ou se passou da tola e deu-lhe para bater no gajo que já estava meio atordoado, ou então alguém lhe soprou da régie para fazer ao ex-primeiro-ministro a questão que tantos portugueses gostavam que tivesse (e não foi) respondida pelo sr. “engenheiro”…
…teve azar, o jornalista, e até se chega a ver o medo no olhar perante a reacção de Sócrates…se a primeira pergunta parece que já estava pré-combinada entre o jornalista e o entrevistado (que responde prontamente e sem muito enfado), já a derradeira questão fez soltar (de novo) o “animal feroz” que, afinal, acaba por não ser um estado de alma passageiro, mas mais parte da sua essência… ou seja, o “engenheiro” Pinto de Sousa no seu melhor…

…um último apontamento visual, para que nunca caia no esquecimento…
…três “artistas” da mesma cepa… três “irmãos” do mesmo ofício…
…um (Mário Soares) a coberto de ser “o pai da democracia portuguesa” (a que propósito?!?!?!?!?!) lá se foi safando ao longo dos anos de várias situações duvidosas (no mínimo) e sempre a mamar nas tetas do erário público até se, finalmente, finar…
…outro (Lula da Silva), num país em que, qualquer que seja a cor politica, acaba por ser apenas mais um a navegar placidamente na mar da corrupção e clientelismo…não me afectando minimamente o que faz no seu Brasil, “incomoda-me” a visão de um bandido atravessar o Atlântico para vir dar um abraço fraterno a dois bandidos nacionais…
…o ultimo (José Sócrates)…bem…acho que, por agora (…e só por agora, decerto…), já foi tudo dito…   

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