…arranco o coração do peito, quase morto, e guardo-o novamente num
cantinho da minha vida… de volta ao seu sossego dormente, esquecido de quase
tudo e longe, protegido da dor e das doces ilusões…
...o mundo louco, selvagem, sedutoramente decadente, de caminhos
perdidos, chama por mim lá fora…novamente… como canto de sereia mas sem nada de
novo para me mostrar… não mais que um vazio cheio de momentos fúteis e
passageiros… apenas o desejo pelo desejo, o prazer pelo prazer, em velocidade
de cruzeiro …
…sopro o fumo cigarro forte para o ar e este desfaz-se como tudo o que de
bom que pensei existir…
…desta vez vou deixar-me ir de novo, no clamor que vem de fora… até
porque já nada me prende a nada... apagou-se, apenas, como um fogo que não
tinha mais por onde arder…
…inspiro fundo…
…visto a alma e a mim de negro como a noite de que tanto gosto, entorpeço
os meus sentimentos e tento pintá-los de cores agradáveis, para quem me quiser
ter a mim… corpo apenas, nada mais, ainda que emocionalmente
exausto… e para quê entregar a alguém mais
do que isso, afinal…?
…caminho lentamente para a porta, com
a minha sombra, reflectida no chão, por companhia…
…e saio para a rua…
JP ®
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