Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha
ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro
doido
minha chama
minha réstia
de luz
intensa
de voz
aberta
minha
denúncia do que pensa
do que sente
a gente certa.
Em ti
respiro
em ti eu
provo
por ti
consigo
esta força
que de novo
em ti
persigo
em ti
percorro
cavalo à
solta
pela margem
do teu corpo.
Minha
alegria
minha
amargura
minha
coragem de correr contra a ternura.
Minha
laranja amarga e doce
minha espada
poema feito
de dois gumes
tudo ou nada
Por ti
renego, por ti aceito
este corcel
que não sossego
à desfilada
no meu peito
Por isso
digo
canção
castigo
amêndoa
travo corpo alma amante amigo
por isso
canto
por isso digo
alpendre
casa cama arca do meu trigo.
Minha
alegria
minha
amargura
minha
coragem de correr contra a ternura
Minha
ousadia
minha
aventura
minha
coragem de correr contra a ternura.
In “Cavalo à Solta” – José
Carlos Ary dos Santos (Lisboa,
7 de Dezembro de 1937 — Lisboa, 18 de Janeiro de 1984)
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